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Fórmula 1

Segunda Bandeirada #15: O mais cobiçado

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Quem esperava um vencedor diferente de Max Verstappen no Grande Prêmio da Austrália tem três mãos e cinco pés. Duvido muito que qualquer pessoa neste planeta apostou seriamente no gabarito da prova – uma dobradinha da Ferrari com a cereja do bolo indo para Carlos Sainz.

Mesmo com as reclamações nos treinos livres e no classificatório, o tricampeão era favorito absoluto para mais uma vitória. Não cravou o melhor tempo em nenhum dos treinos, foi o melhor apenas quando interessava. Fez a pole e tinha tudo na mão, era um triunfo dado como certeza absoluta.

Porém, o destino costuma reservar algumas surpresas na Fórmula 1. Afinal, o automobilismo é esporte do imponderável e tudo pode mudar em milésimos de segundo. Após largar bem e abrir uma vantagem de quase um segundo para Sainz, os freios deixaram Verstappen na mão. Sua chance de vitória se desfez na fumaça que saía da roda traseira direita. A Red Bull, tida como infalível e perfeita, viu seu principal piloto abandonar após dois anos sem poder fazer absolutamente nada para devolvê-lo à corrida. O último DNF do holandês? Na mesma Austrália, no mesmo circuito de Melbourne. Ironias de um esporte impiedoso.

Carlos Sainz viu a liderança cair no seu colo, e de quebra a melhor chance de vencer nesta temporada – dificilmente a RBR terá problemas como o dessa corrida. O espanhol poderia mandar um ‘’toma!’’ depois do final da prova que não seria repreendido por ninguém. O mundo inteiro iria compreendê-lo. Sainz foi preterido pela Ferrari, sabe que não tem vaga assegurada para 2025 e volta a correr após uma cirurgia para retirar um apêndice. Venceu de ponta a ponta e superou mais uma vez o seu companheiro de equipe, Charles Leclerc. Fiquem com o queridinho monegasco de vocês. Eu tenho é mais o que fazer. Alguém teria coragem de recriminar um piloto nessa situação?

De piloto desempregado e sem perspectivas promissoras, Sainz se transformou no piloto mais cobiçado do grid. Quem dos atuais ocupantes de um lugar no grid que está sem contrato tem guiado mais que ele? Quem venceu as últimas corridas que não viram Verstappen no alto do pódio? Qual piloto combina velocidade natural com inteligência para gerenciar uma corrida da mesma forma que ele? Bom, existem alguns que respondem satisfatoriamente a última pergunta. Mas com o mesmo status de passe livre como o do espanhol? Não.

Lembro da vitória de Sainz no GP de Singapura. Escrevi o seguinte sobre aquela atuação esplêndida:

‘’[…] Ele não é um gênio em velocidade pura, não mete o pé no acelerador mais que os outros, mas compensa tudo isso na inteligência. Sabendo da importância de segurar Norris atrás, tirou o pé e deu ao britânico da McLaren a possibilidade de ativar o DRS na defesa de posição contra as duas Mercedes. Ambas chegaram nos dois primeiros, mas não conseguiram passar. Uma vitória conquistada com a cabeça, no cerebral, na leitura de corrida. Simplesmente fantástico.

 

Não é segredo algum que a Ferrari sempre enxergou seus pilotos de maneira diferente. É consenso apontar Leclerc como mais talentoso e veloz, enquanto Sainz é mais cerebral e cabeça fria. O monegasco é cria da casa e contou com uma dose a mais de boa vontade do time que o espanhol. Mas as coisas parecem mudar. Leclerc não faz uma boa temporada e provavelmente será superado por Sainz novamente – foi assim em 2021. Ou ele começa a mostrar serviço, ou será fritado como tantos outros ferraristas.

 

No mais, aplausos e elogios ao meu xará. ¡Bravo, Carlos!’’.

Sainz derrotou Leclerc na querela interna ferrarista em 2021 e por seis pontos não fez o mesmo em 2023. Entretanto, foi visível que ele fez corridas mais consistentes e demonstrou um desempenho melhor que o companheiro na última temporada. Não por acaso o seu nome estar ligado a Red Bull, Aston Martin, Mercedes e Audi para o próximo ano – a última assumirá as ações na Sauber, que por ora é um arremedo de equipe. Querem saber de uma coisa? Ele teria condições de derrotar qualquer um dos atuais primeiros pilotos desses times. Faço uma ressalva em relação a Verstappen, pois o tricampeão é o melhor piloto da atualidade. Mas não é invencível. E Sainz poderia fazer bonito guiando um dos carros taurinos.

Imagem: Ferrari

 

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