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Automobilismo

Palmas para Max Verstappen

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Os gênios da Fórmula 1 são raros, por vezes difíceis de identificar nos primeiros passos. Eles não surgem em série e a repugnância – quase sempre injustificada racionalmente – que acabam despertando em certos fãs impedem o devido reconhecimento. Com Lewis Hamilton foi assim. Ao ganhar o título em 2008 no GP do Brasil em cima de Felipe Massa, parte da torcida brasileira antipatizou injustamente com o rapaz.

Vejam como são as coisas. Hoje, Hamilton é amado por parcela expressiva dos fãs brasileiros, sobrando o ódio da mesma para aquele que ousou desafiá-lo e derrotá-lo em uma temporada insana como foi a passada. Max Verstappen é um fenômeno, talento puro, mas suas qualidades foram ofuscadas por uma ojeriza tipicamente brasileira. Danem-se os pachequistas. Max é um gênio em maturação e mostrou isso hoje na Hungria.

Verstappen largou em décimo após o carro perder potência no Q3 do qualy de ontem. No caminho da vitória, teria nove adversários pela frente em uma pista travada e enjoada para ultrapassar. Sua performance não poderia ser nada menos que impecável, além de contar com a confiabilidade do seu RB18 e uma estratégia bem feita da Red Bull. Um desafio e tanto para o atual campeão.

O começo da corrida não viu alterações significativas no pelotão da frente. Verstappen foi ganhando posições, e ao contrário dos prognósticos, conseguiu andar bem em uma pista teoricamente ruim para o seu carro. Já na volta 12 o atual campeão era o quinto colocado. Metade do caminho para a vitória havia sido superado.

Como não poderia deixar de ser, a Ferrari deu aquela ajudinha a Verstappen com estratégias de corridas inacreditáveis. Ao contrário dos dois pilotos da Red Bull e do pole position George Russell, ela escolheu o composto médio para Carlos Sainz e Charles Leclerc. Se a escolha foi essa, era de se esperar que ambos esticassem suas primeiras paradas, partissem para uma estratégia diferente e levassem alguma vantagem por isso. Afinal, não faria o menor sentido em largar de pneus médios e parar quase ao mesmo tempo daqueles que largaram de pneus macios.

Mas tal cenário conta com a observância da lógica pela Ferrari – o que não é caso na atual temporada. Russell parou na volta 17, movimento seguido por Verstappen. Em uma pista talhada para o seu carro, a possibilidade de protelar o pit stop e evitar o undercut era real. Mas ela ignorou isso e parou Sainz logo na volta seguinte para colocar outro jogo de pneus médios. Se ela faria isso, por que não ter largado com pneu macio? É inexplicável.

Além do tempo alto das paradas, a Ferrari conseguiu se superar com uma parada inacreditável para colocar pneus duros no carro de Leclerc. Com a baixa temperatura da pista, esse composto teria uma performance ruim e não compensaria uma possível economia nas paradas. E o que a Ferrari fez? Parou Leclerc novamente e estragou definitivamente a sua corrida. Ah, Ferrari…

Sem os dois adversários capazes de ameaçar a sua corrida na disputa, Verstappen fez o que sabe fazer: correr em alto nível. Mesmo com o RB18 querendo atrapalhar tudo na bendita volta 12, ele continuou guiando bem, teve ao seu dispor as melhores estratégias oferecidas pela Red Bull e foi se colocando na disputa pela vitória.

Na volta 41, Verstappen ultrapassou Leclerc, mas rodou sozinho na volta seguinte. Aí entra a frieza de um gênio do esporte. Faltando 28 voltas para o final, sem ter o melhor carro para Hungaroring e com a possibilidade de sofrer com o desgaste de pneus no final, ele teria que ser impecável para conquistar a vitória. E foi. O atual campeão recuperou o ritmo, passou Leclerc novamente – troco pela Áustria – e solidificou o caminho para um novo triunfo. Nem Sainz, Hamilton e Russell com pneus macios representaram qualquer ameaça.

Vitória importantíssima para o holandês, que coloca uma vantagem de 80 pontos para Charles Leclerc, vice-líder do campeonato. Mas não apenas isso: Verstappen largou em décimo, em uma pista ruim para o carro da RBR e com um risco de nova quebra. Ele faz parecer fácil, mas não é. Se o caminho para o bicampeonato está cada vez mais curto, sua performance impecável é o grande motivo para tal.

Portanto, palmas para Max Verstappen. É um privilégio ver o surgimento de um novo gênio na F1. Tenho certeza que o ‘’Super Max’’ é e será ídolo de muitos fãs que continuarão a amar esse esporte, como tantos gênios fizeram antes. Quanto aos amargurados que o odeiam, arrumem outra desculpa. Ou abandonem a categoria.

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