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Automobilismo

McLaren-Honda novamente?

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Surgiu recentemente um rumor envolvendo uma possível parceria entre McLaren e Honda. Nada além de mera especulação, é claro, mas foi o suficiente para relembrar as fases pretéritas de uma união tão intensa e cheia de história – para o bem e para o mal.

É impossível ler ou escutar o nome McLaren-Honda e não lembrar de Ayrton Senna. Foi o ponto alto dessa simbiose entre a equipe britânica e a montadora japonesa. Os carros alvirrubros empurrados com os motores Honda dominaram a Fórmula 1 no final da década de 1980 e começo da década de 1990, com quatro títulos de pilotos e de construtores. O MP4/4 venceu 15 das 16 corridas da temporada de 1988, sendo considerado por muitos fãs o melhor carro de F1 de todos os tempos.

A parceria foi retomada em 2015, quando a McLaren contratou Fernando Alonso. Fabricante com muita história, piloto bicampeão mundial, tudo indicando uma parceria bem sucedida, certo? Errado. A Honda penou para compreender a tecnologia híbrida e entregou um motor com potência e confiabilidade aquéns das expectativas. O time britânico terminou em nono no mundial de construtores em 2015 e 2017 – resultado vergonhoso para quem tem tanta tradição na F1.

Duas fases absolutamente distintas dessa união com tanta história. A McLaren já experimentou o topo e o limbo com os motores Honda. Saboreou o gosto doce das conquistas e o amargo das últimas posições ao andar no fim do grid.

Pois bem, voltemos ao presente. A Honda está inscrita para 2026 como fabricante de motor – ano que marca mudanças profundas nas unidades de potência com um novo regulamento. Porém, ela está sem equipe até o presente momento. Os japoneses encerraram por vontade própria a parceria vitoriosa com a Red Bull no final de 2021, quando Max Verstappen conquistou o seu primeiro título mundial. Todos conhecem a importância da Honda no ressurgimento dos austríacos como equipe dominante após a hegemonia quase infindável da Mercedes. Ela fez um ótimo trabalho ao lado da RBR.

Já a McLaren usa motor Mercedes desde 2019. Não dá para reclamar dos alemães, mas a F1 caminha a passos largos para premiar quem tiver uma boa montadora do lado. Coisas como a Red Bull vencendo campeonatos seguidos com motor Renault com os franceses tendo uma equipe dificilmente se repetirão. O time britânico até teve seus bons momentos desde então como a surpreendente e memorável vitória de Daniel Ricciardo no GP da Itália em 2021 – foi dobradinha, ainda por cima. Mas é pouco para uma equipe do tamanho da McLaren.

Unindo a fome com a vontade de comer, McLaren e Honda podem retomar uma união com muita história. A primeira não voltará tão cedo ao topo se continuar como equipe cliente de uma montadora com seu próprio time, e a segunda necessita de uma parceria após o fim do seu vínculo anterior.

Existem riscos? Claro. Afinal, é automobilismo, corrida de carro. Até começar o show nas pistas, tudo é especulação. Não foi a Mercedes que aparentava fazer um foguete de carro para 2022 e entregou um problemático W13? Não foi a Aston Martin que prometia tanto para 2021 – com alguns emocionados falando em titulo para Sebastian Vettel – e involuiu se comparada ao desempenho da antecessora Racing Point? Nada é muito garantido no esporte a motor.

Porém, a presente situação impõe certa dose de otimismo. Uma fabricante de motor que foi campeã recentemente unida com uma equipe peso pesado aspirando o retorno ao topo é uma simbiose que dificilmente dará errado. Tudo muito nebuloso e ainda no campo da especulação, é claro, mas se vier a acontecer, temos um bom casamento com chance nada pequena de gerar bons frutos.

Que a McLaren não repita os erros da Williams na parceria com a BMW, por exemplo. O time britânico tinha da montadora alemã o melhor motor da F1, mas sem um corpo técnico qualificado para produzir um carro de ponta. Não havia um gênio das pranchetas, um mago da aerodinâmica como Adrian Newey – que inclusive saiu da equipe ao esbarrar com o garagismo exagerado dos donos do time. Além disso, a Williams também não tinha um piloto de ponta que pudesse fazer frente a Michael Schumacher – simplesmente o melhor de todos. Aí não tinha como vencer.

A McLaren tem Lando Norris e Oscar Piastri. Além disso, parece-me contar com gente talentosa para fazer seus carros. Falta um motor decente para empurrar o time ao topo. A Honda é uma ótima escolha.

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