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Automobilismo

Há dez anos, o último pódio do maior de todos

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Uma das frases ditas no belíssimo documentário Fangio: o rei das pistas pelo bicampeão Fernando Alonso faz total sentido: ‘’quando se é criança, você necessita de um ídolo, de alguém que te inspire a correr […]’’. De fato, é essencial ter uma referência no esporte para seguir tal carreira, mas não só isso. Para ser um simples amante do automobilismo, também precisamos de um ídolo.

Este colunista tem os seus. Felipe Massa em ótima fase na Ferrari foi um deles. Uma das minhas primeiras corridas assistidas foi o GP do Brasil de 2006, aquela vitória espetacular 13 anos após o memorável triunfo de Ayrton Senna em Interlagos. Sebastian Vettel foi o primeiro a chamar minha atenção e colocar-me diante da TV para acompanhar a Fórmula 1. O tetracampeonato na Red Bull foi uma hegemonia impressionante, e eu torcia e vibrava assiduamente pelo alemão.

Entretanto, um outro piloto alemão do grid de 2012 deu um show no GP da Europa daquele ano, e a partir dali virei seu fã. Pilotava um carro longe de ser competitivo, andava em uma F1 bem diferente dos seus dias de glória, mas mostrou naquela corrida o porquê de ser o maior de todos. Estou falando de Michael Schumacher.

Há exatos dez anos, Fernando Alonso fez uma de suas melhores corridas na carreira. Venceu o GP da Europa com uma Ferrari tenebrosa em mãos, superando Red Bull e McLaren – notoriamente os melhores carros do grid. E para encerrar com chave de ouro, ganhava em casa, sensação extraordinária para qualquer piloto. O público em Valencia foi ao delírio com a performance incrível do Príncipe das Astúrias.

Além da grande corrida de Alonso, o outro destaque foi a terceira colocação de Michael Schumacher. O heptacampeão sofreu desde o retorno à F1 em 2010, guiava uma Mercedes que nem de longe lembrava a equipe imponente da era híbrida e colecionava resultados decepcionantes. Schumi lutou contra as adversidades e subiu ao pódio pela última vez. Infelizmente, ninguém sabia o que o destino preparava a ele.

Schumacher vinha fazendo uma corrida muito digna para as possibilidades da sua flecha prateada até contar com a sorte dos gênios: um incidente entre Lewis Hamilton e Pastor Maldonado fez o alemão ganhar duas posições com a corrida no final. Foi a oportunidade perfeita para Schumi conquistar a terceira posição e voltar ao pódio após uma ultrapassagem em Nico Hulkenberg.

Um pódio para alguém como Michael Schumacher poderia ser algo de menor importância ou mesmo banal. Ser um heptacampeão, ter 91 vitórias no currículo e cravar seu nome como maior da história são feitos incríveis. O que seria mais uma chegada entre os três melhores para uma carreira tão vitoriosa, um currículo tão vasto? Aquele não foi qualquer pódio. Schumi enfrentou severas críticas ao voltar à F1, e muitos abutres de plantão aproveitaram os resultados modestos para contestar o seu talento. Como se um piloto aos 42 anos guiando um carro pouco competitivo e sob novo regulamento seria capaz de repetir o mesmo desempenho.

Aquela corrida fez nascer a minha admiração por Schumacher. Vi o piloto talentoso que ele sempre foi. Algumas corridas na final da sua gloriosa passagem pela Ferrari são distantes lembranças em minha memória, com muito pouco registrado para tecer maiores comentários. Mas elas ganharam vida após um GP em que ele nem foi o vencedor.

E antes que alguém pense na minha classificação de Michael Schumacher como maior da história ser um absurdo inaceitável ou mesmo uma maneira de diminuir Lewis Hamilton, basta lembrar que ninguém menos que Toto Wolff compartilha da mesma visão. O pachequismo imbecil transformado em ódio contra o heptacampeão alemão é algo difícil de superar para determinados fãs. Mas aqui, vale a realidade dos fatos – ela coloca Schumi no topo como maior de todos.

Infelizmente o destino pregou uma peça na vida de Schumacher. Desde o seu acidente em uma estação de esqui nos Alpes Franceses em 2013, o multicampeão nunca mais apareceu em público – consequência do trágico acidente. Dificilmente isso irá acontecer. O mais provável é que Schumacher apareça quando morrer, já que as sequelas do ocorrido são severas e muito debilitantes.

Mas o seu nome está na história. Michael Schumacher jamais será esquecido. Seu legado permanece vivo e seus fãs nunca irão desaparecer. Este humilde colunista está entre eles.

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