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Automobilismo

Estamos em Silverstone. A última corrida mudou completamente o campeonato

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A Fórmula 1 foi dominada completamente por Lewis Hamilton nas últimas temporadas. Com um carro competitivo em uma equipe dedicada a ele, a história foi escrita com incríveis seis títulos em sete anos. Diferentes pilotos e equipes tentaram desafiá-lo, mas o heptacampeão mostrou talento e sangue nos olhos para superá-los um por um e marcar seu nome no panteão de deuses do automobilismo mundial.

Um ano após a F1 adotar o motor híbrido e abrir caminho para a hegemonia de Lewis Hamilton e Mercedes, estreou na categoria um jovem de apenas 17 anos: Max Verstappen. Seu talento impressionou a Red Bull, que rapidamente o promoveu da equipe satélite Toro Rosso – hoje AlphaTauri. Os anos passaram e ele foi virando realidade, com a sensação crescente do seu título mundial ser questão de tempo – e da equipe austríaca entregar um carro com condições de competir com as flechas prateadas.

Pois bem, a oportunidade veio em 2021. A Red Bull mostrou competência e deu a Verstappen uma oportunidade de ser campeão. Por outro lado, Hamilton queria o octacampeonato – o que o colocaria com maior vencedor da história da F1 de maneira isolada. Ambos largaram na frente e deram a sensação inequívoca de uma disputa mano a mano até o final.

A luta pelo título foi uma antes do GP do Reino Unido e outra depois dessa corrida. O que aconteceu em Silverstone mudou tudo. Não há como entender uma das melhores temporadas da história sem voltar naquele 18 de julho de 2021.

Era uma corrida decisiva. Depois de um bom começo, Max Verstappen emendou uma sequência de vitórias que o colocou na liderança do campeonato com uma vantagem de 32 pontos para Lewis Hamilton. O heptacampeão chegou pressionado. Não havia outro resultado aceitável a não ser a vitória em sua própria casa.

Chega o domingo, hora da verdade. Largada espetacular de ambos, com Hamilton determinado a tomar a dianteira para abrir vantagem – a configuração de carro da Mercedes favorecia tal estratégia. Verstappen fez jogo duro, mostrou a agressividade de sempre e proporcionou um ‘’pega’’ sensacional. Até que ambos chegaram na curva copse e aconteceu o fato a mudar totalmente essa disputa: um toque de ambos com Verstappen levando a pior e abandonando a corrida após uma batida violenta.

Você provavelmente quer saber a opinião deste colunista sobre o acidente – ainda mais para ter um culpado apontado. E ele tem. A coisa é mais ou menos assim: Verstappen foi por fora e deixou espaço suficiente para Hamilton contornar por dentro, além de estar com mais de meio carro na frente no momento exato do toque. Então sim, Hamilton foi culpado pela batida, tanto que pegou 10s de punição – pouco pela batida e pela consequência no campeonato.

Mas algumas coisas precisam ficar claras aqui. Quem no lugar de Lewis Hamilton aliviaria o pé em uma corrida em casa no meio da disputa pelo título? Ele tinha feito isso em corridas passadas, quando Verstappen foi agressivo e arrojado para colocar seu carro em uma posição que obrigou o heptacampeão a reduzir. Compreendo a revolta dos fãs do holandês e considero Lewis culpado pelo incidente, mas longe de ter sido uma atitude antidesportiva – como alguns dizem.

O show continuou, e mesmo com a punição, Hamilton ganhou a corrida. Mostrou sangue nos olhos e o talento característico de um multicampeão. Sua desvantagem de pontos em relação a Verstappen diminuiu de 32 para 8. Não é exagero dizer que o incidente em Silverstone abriu novamente a disputa por um título até então bem encaminhado para o piloto holandês.

Além de tornar franca a disputa pelo campeonato, o ocorrido teve um outro efeito. Até então, Verstappen e Hamilton protagonizavam uma briga dura, mas respeitosa e cordial. Depois do GP do Reino Unido, tudo mudou. Tanto Verstappen quanto a Red Bull entenderam que para vencer o heptacampeão era necessário jogar mais duro ainda e não ceder um milímetro sequer. O GP da Itália foi uma amostra: ambos saíram colados na primeira chicane do circuito, com Verstappen arriscando tudo e forçando uma ultrapassagem impossível. Os dois se tocaram e o carro da Red Bull foi parar em cima da Mercedes de Hamilton – uma imagem impactante que teria um final trágico sem o halo.

O final é conhecido de todos: Max Verstappen foi campeão. Ao arriscar tudo, mostrar agressividade e esbanjar um arrojo típico dos campeões, ele derrotou Lewis Hamilton. Não tenho a menor dúvida que ele pensou em dar ainda mais de si depois de Silverstone.

Para tristeza de muitos fãs – principalmente os de Hamilton – e deste colunista, a temporada de 2022 não vê uma disputa entre esses dois gênios do esporte. A rivalidade do campeonato passado fez de 2021 um ano singular para a história da F1. Se o filme Rush: no limite da emoção é um primor ao retratar a intensa briga pelo título de 1976 entre Niki Lauda e James Hunt, a peleja entre Hamilton e Verstappen foi digna de um longa daqueles.

Quem sabe este GP do Reino Unido nos proporcione um novo capítulo dessa rivalidade que fez a F1 ganhar uma emoção que em tempos não se via. Difícil, pois a Mercedes errou a mão no W13 e alijou Lewis Hamilton nesse ano. Mas não é impossível.

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