Toyota Gazoo Racing vence a 89ª edição das 24 hs de Le Mans

Tão tradicional quanto as 24hs de Le Mans é a frase que diz “Le Mans escolhe seus vencedores”. Se isso é mesmo verdade, então Le Mans já tem quase um namoro com a Toyota.

Aconteceu neste ultimo fim de semana, dias 21 e 22, a 89ª edição das 24hs de Le Mans, uma prova marcada sobretudo pela estreia dos hipercarros no circuito de La Sarthe.

Por que não dizer, marcada também por emocionantes disputas nas categorias LMP2 e GTE; pela largada complicada sob condições de chuva e, claro, pela quarta vitória da japonesa Toyota. Mas acima de tudo, marcada por sua tradição e por ser a grande joia do automobilismo e endurance mundial. Sim, caro Leitor, estamos em Le Mans!

As surpresas começaram pouco antes da largada. Tivemos a inusitada visão de um carro da Formula 1 em Le Mans. Mais precisamente o Renault RS18 de 2018, pilotado pelo espanhol Fernando Alonso. Um momento histórico, já que foi a primeira volta de um F1 no lendário circuito.

 

Largada

Como Le Mans não é Le Mans sem chuva, este ano até a largada aconteceu sob condições de chuva. O resultado foram duas primeiras voltas de formação com o safety car antes da largada propiamente dita.

Os Toyotas #7 e #8 largaram na primeira fila, seguidos pela Alpine #36 na terceira posição. Porém, logo após a largada a chuva fez sua primeira vítima na curva Dunlop, o Toyota # 8. O acidente foi ocasionado pelo Glickenhaus # 708,que posteriormente recebeu punição.

Mas a vida do Toyota #8, pilotado por Sébastien BUEMI, ainda iria se complicar mais. Após entrar na reta Mulsane, o carro precisou parar para reiniciar todo sistema elétrico devido a uma falha. Para piorar ainda mais a vida da Toyota, algumas voltas depois um novo acidente jogou o Toyota #8 para fora da pista.

Apesar do azar com o # 8, tudo ia muito bem com o Toyota de número # 7 que assumia a liderança, seguido de perto pelo Alpine #36 pilotado pelo brasileiro André Negrão.

 

LMH

A categoria estreante de 2021 gerou muita expectativa em 2020 e prometia trazer interessantes disputas na pista, talvez acabando com a predominância da Toyota dos últimos 3 anos. Porém, o hibrido Toyota GR010 provou ser digno de suceder o modelo TS050.

Talvez pela confusão na largada, o Alpine A480 de número #36 conseguiu assumir o segundo lugar e seguir de perto o Toyota #7. Algumas voltas depois, o Toyota #8 já havia superado sua má sorte e estava junto com o companheiro de equipe, deixando o Alpine 4 voltas atrás.

Completando a categoria, tínhamos também 2 Glickenhaus 007 LMH da Glickenhaus racing. A estreante teve alguns problemas e chegou a ser superada pelos LMP2 em alguns momentos da prova, mas ambos os carros concluíram a corrida na P4 (#708) e P5 (#709).

A vitória ficou com o Toyota #7 pilotado por Mike CONWAY, Kamui KOBAYASHI e Jose Maria LOPEZ. A Toyota, no melhor estilo Ford dos anos 60, ainda fez os dois carros cruzarem a linha de chegada ao mesmo tempo. O piloto Brasileiro André Negrão garantiu um pódio com um belo terceiro lugar a bordo do Alpine #36.

 

LMP2

Se a LMH contava apenas com 5 carros no grid, e um previsível domínio da Toyota, a coisa na LMP2 foi bem diferente.

Com um grid de 24 carros e a predominância quase absoluta de 23 modelos Oreca 07 – Gibson de 1017 (somente 1 único Ligier JSP217 – Gibson), uma coisa que a LMP2 tem de sobra é imprevisibilidade.

Um dos destaques da corrida, o carro de numero # 1 da equipe Richad Mille Racing Team, chamou a atenção por sua equipe composta apenas por mulheres: Tatiana CALDERON, Sophia FLOERSCH e Beitske VISSER. Infelizmente, um acidente inesperado as tirou da disputa no começo da noite. Sophia FLOERSCH estava pilotando o carro na hora do acidente e tentava a todo custo religar o motor, já que o carro ficou parado no meio da pista e causou uma colisão com o número #74 da India Eurasia. Floersch chegou ao ponto de usar o celular para pedir ajuda da equipe.

Com a chuva no começo da noite, um outro carro também foi vítima de um acidente nas curvas Porsche, o número #29 da Racing Team Nederland. Mas mesmo com disputas e trocas de liderança ao longo da corrida, a surpresa da LPM2 estava guardada para o final.

O carro #41 da Team WRT liderava faltando menos de 5 min para o termino da prova,  foi então que “Le Mans” aconteceu…

O Oreca #41 da WRT simplesmente parou na pista, deixando o caminho livre para os carros P2 e P3 assumirem a liderança da prova. Diferente da LMH, na LMP2 os carros estavam muito próximos, mesmo após 24 hs de corrida. O final foi impressionante, com os carros #31 e #28, respectivamente das equipes Team WRT e Jota, concluindo a prova com menos de 3s de diferença.

Mesmo com os problemas no numero #41, a WRT acabou levando a vitória da categoria de qualquer forma, com o carro de número #31, pilotado por Robin FRIJNS, Ferdinand HABSBURG e Charles MILESI.

 

GTE-PRO

Com a chuva e confusão da largada, os Corvettes #64 e #63 assumiram P1 e P2 respectivamente logo no começo da corrida. Para delírio dos fãs da marca americana, o desempenho do Chevrolet Corvette C8.R foi espetacular em seu retorno a Le Mans.

A categoria contava com total de 8 carros de 3 marcas diferentes: Chevrolet, Ferrari e Porsche.

As melhores disputas da prova foram entre os Corvettes e as Ferraris, envolvendo sobretudo a Ferrari 488 GTE 2 de número #52 da AF Corse, equipe do brasileiro Daniel Serra. Mas…

Já falamos aqui sobre imprevisibilidade?

Pois é, ao longo da madrugada a Ferrari #52 teve problemas com uma roda.

Apesar da má notícia para os brasileiros com os problemas do carro de Daniel Serra, a AF Corse ainda conseguiu garantir a vitória com seu carro de número #51 pilotado por Alessandro PIER GUIDI, James CALADO e Côme LEDOGAR. Já a Chevrolet marcou seu retorno com um espetacular segundo lugar, com o carro número #63 pilotado por Antonio GARCIA, Jordan TAYLOR e Nicky CATSBURG.

 

GTE-AM

O segundo maior grid da prova contava com um total de 23 carros na pista (1 a menos que a LMP2). Aqui, saem de cena os Corvette, entram em cena os Aston Martin Vantage AMR.

A categoria contava ainda com a participação de 2 brasileiros:

• Felipe Fraga pilotando o Aston Martin Vantage de número #33 pela equipe TF Sport;
• Marcos Gomes também com um Aston Martin Vantage, porém o de número #98 pela Equipe Aston Marting Racing.

Ao final da tarde, Marcos Gomes sofreu um forte acidente na curva Indianápolis que obrigou o carro #98 a se retirar da corrida. O piloto brasileiro recebeu atendimento medico na hora e saiu sem maiores complicações.

O Aston Martin #33 de Felipe Fraga dominou boa parte da prova, permanecendo na liderança a maior parte do primeiro dia. Os companheiros de equipe de Fraga foram Dylan PEREIRA e Ben KEATING. O segundo lugar estava com a Ferrari #83 da AF Corse, enquanto o terceiro lugar era ocupado por outra Ferrari, a de número #57 da Kessel Racing.

Ao longo da noite, a Ferrari #83 assumiu a liderança, deixando o Aston Martin #33 com o segundo lugar. Posição que se tornou ainda mais complicada pós a equipe receber uma punição de drive-through, deixando a distancia do carro líder da AF corse em mais de 2 minutos. Neste momento, a P3 já tinha outro dono, a Ferrari #80 da Iron Linx.

A categoria seguiu o restante da corrida exatamente mantendo essas posições, o que rendeu um pódio pata Felipe Fraga na P2 e a vitória para os pilotos François PERRODO, Nicklas NIELSEN e Alessio ROVERA da AF Corse, a bordo da Ferrari #83.

 

Classificação final

Vamos aos resultados finais da 89ª edição da maior prova de endurance do planeta: