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Automobilismo

Não muda nada

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Red Bull

Como acontece com qualquer evento esportivo na era das redes sociais, o Grande Prêmio da Arábia Saudita não acabou na bandeirada. Estendeu-se por horas, uma pauta aqui, um assunto acolá. Além da patacoada protagonizada pela FIA ao punir Fernando Alonso e depois voltar atrás, muito se falou a respeito da Red Bull, como ele trata Max Verstappen e Sergio Pérez.

Pérez venceu sem sustos, dominou a corrida e não foi ameaçado em momento algum. Fez o que se espera de quem larga na pole e tem um foguete em mãos – o RB19 está muito acima dos concorrentes. Tudo bem na Red Bull, certo? Errado. Ao invés de comemorar uma vitória importante para ele e para a equipe, o mexicano resolveu estrebuchar pela volta mais rápida e criar um clima ruim.

Explico: Verstappen acelerou tudo no último giro do ponteiro e cravou a volta mais rápida, feito que valeu mais um ponto e a liderança do campeonato. Pérez declarou ter ouvido por parte da equipe que o companheiro não iria fazer isso e ambos guiariam com o pé levantado para não estragarem a dobradinha. Christian Horner desmentiu. Ficou o dito pelo não dito, uma situação na qual ninguém tem a ganhar.

Foi o bastante para os haters de Verstappen e da Red Bull reverberarem a narrativa que o holandês é privilegiado pelo time, que Perez não tem liberdade para ser campeão e em condições iguais o mexicano ganha. Santa paciência. Não deixa de ser engraçado que as pessoas que odeiam a RBR são as mesmas a torcer por Pérez, mas aí já é outra conversa.

É preciso colocar os pingos nos is. Verstappen é melhor que Pérez. Os dois títulos mundiais, as 36 vitórias, os 79 pódios e as 21 poles não deixam a menor margem para dúvida. O grosso de tais marcas foi obtido justamente quando o mexicano dividiu o time taurino com ele. No confronto direto, quando ambos tiveram o mesmo carro, ampla vantagem para Max em relação a Sergio: em vitórias, 26 a 4; em poles, 19 a 2; em títulos, 2 a 0.

Quem tem tais estatísticas não será olhado da mesma maneira que alguém com marcas mais modestas. Entre um bicampeão mundial de 25 anos e um experiente de 33 anos sem títulos é fácil saber quem a equipe vai priorizar. Não é demérito algum a Perez, ele só veio ter um carro de ponta agora. Mas a realidade dos fatos é essa.

Além disso, Verstappen é piloto da casa desde 2016 – se contarmos a temporada com a Toro Rosso, desde 2015. São sete temporadas com a Red Bull, e ele não teve carro para disputar o título na maior parte delas, pois o combalido motor Renault jogava no lixo o que a equipe acertava na aerodinâmica. Ganhar duas ou três corridas no ano era o máximo que o holandês poderia fazer. Depois de tanto tempo juntos, como não haver uma predileção natural por quem esteve nos momentos de baixa do time austríaco?

Ainda assim, não existe absolutamente nada na Red Bull que proíba Pérez de andar na frente de Verstappen. Tanto é que isso já aconteceu, pois o mexicano é bom piloto e tem condições para tal. Claro, as circunstâncias de cada corrida podem ajudar, Max quase sempre vai largar na sua frente, mas nada é impossível. O carro de um é igual ao do outro – o resto é conversa para boi dormir e nada mais.

Pérez não tem a eternidade pela frente na Fórmula 1, então é natural que queira muito disputar o título e ser campeão. É bom presenciar isso. Mas se ele quer tanto a sua primeira estrela, que busque na pista. Dar entrevistas absolutamente desnecessárias e criar um clima ruim na equipe não são os caminhos mais indicados. Não custa nada lembrar que a Red Bull salvou sua carreira na F1 após a finada Racing Point não renovar seu contrato e trazer Sebastian Vettel para a sua vaga. Ele não tinha lugar no grid até o telefonema de Christian Horner. Se alguém precisa ser grato nessa história, esse alguém é Pérez.

Os fãs podem sonhar com uma briga tal como Hamilton vs Rosberg, mas acho muito difícil. Para ser bem sincero, não muda nada. Verstappen é melhor e provavelmente será tricampeão. E segue o cortejo dos haters.

Foto: Reprodução/Autoracing

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