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Automobilismo

Lewis Hamilton continuará na F1 por mais tempo – e isso é ótimo

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Em entrevista à revista Vanity Fair, Lewis Hamilton deixou clara a intenção de continuar na Fórmula 1 por mais tempo. O heptacampeão tem contrato com a Mercedes até 2023, mas uma aposentadoria na próxima temporada está fora de cogitação.

É bom ver Hamilton motivado para continuar a correr. Ele ainda está no auge, é veloz o bastante para estar no topo e guia por uma equipe capaz de entregá-lo um carro competitivo. O tão sonhado octacampeonato é uma possibilidade real. Não na atual temporada, mas nas próximas – dificilmente a Mercedes errará novamente como errou neste ano.

Hamilton tem um papel muito importante na F1 a desempenhar. Ele é um dos veteranos do grid atual, piloto mais que consagrado, um multicampeão. A Mercedes prepara a sua sucessão e enxerga em George Russell o caminho para tal. Ter um professor como Sir Lewis Hamilton não é nada mal. Cumprir bem tal tarefa é um objetivo a mais para o heptacampeão.

Além, é claro, de estar com sangue nos olhos após o último campeonato. Perder a oitava estrela na última volta em uma corrida que estava em suas mãos é um baque gigantesco. Leve em consideração a rivalidade extrema com Max Verstappen, o desgaste físico e emocional da disputa e uma competitividade fora do normal. Foi barra pesada. Mas ele quer mais. Desbancar Michael Schumacher é uma tarefa reservada a um gênio do esporte, e certamente Lewis é um. Já passou nas estatísticas, restando apenas a de títulos mundiais.

Na entrevista, Hamilton falou sobre o desfecho polêmico do GP de Abu Dhabi. Disse que seus piores medos ganharam vida com aquele final insano, em clara referência à autorização do momento lucky dog pelo então diretor de provas da FIA, Michael Masi. Tal fato nunca será esquecido por ele e seus fãs. Os últimos sempre apontaram uma teoria conspiratória para falar que o desafortunado australiano fez tudo de caso pensado para impedir o octacampeonato, aquelas maluquices típicas dos fãs brasileiros – que sempre procuram um culpado por tudo.

Para ser sincero, eu entendo Hamilton. O campeonato estava em suas mãos, Verstappen com 12s de desvantagem para tirar faltando seis voltas e nada sugeria uma mudança de rumos. Até que Nicholas Latifi estampa a sua Williams no muro e provoca um Safety Car com poucas voltas para o final. Para completar, Masi encerra o ano cometendo mais um erro crasso e alija qualquer possibilidade da oitava estrela. Em uma dessas, eu teria entrado em depressão profunda. Mesmo um multicampeão como ele sente tal revés.

Mas, como já disse, isso fez Hamilton voltar com mais sangue nos olhos. É uma marca registrada da sua carreira. Ele quase foi campeão em sua temporada de estreia pela McLaren em 2007, mas sentiu a pressão e falhou grotescamente nas últimas duas corridas. No ano seguinte, fez uma temporada irretocável, não cometeu os mesmos erros e foi campeão naquela corrida emocionante no Brasil. Em 2018, a Mercedes não tinha o melhor carro e entregou uma máquina arisca e difícil de guiar. Mas ele entendeu o potencial do carro, conseguiu levá-lo ao limite e manteve a regularidade necessária para ser pentacampeão – desbancando Sebastian Vettel e sua potente Ferrari.

Alguns pilotos podem falhar na hora H, e com Hamilton não foi diferente. Porém, sua capacidade de lidar com isso e crescer nos momentos decisivos é impressionante. É algo que nunca foi perdido em sua belíssima trajetória na F1.

Quanto ao futuro próximo, tudo dependerá da competência da Mercedes em detectar os erros do W13, corrigi-los e compreender as mudanças do novo regulamento. É um processo complicado, mas não se pode duvidar da equipe que dominou a categoria desde 2014. A era híbrida é marcada pela hegemonia das flechas prateadas e incríveis oito títulos mundiais de construtores. Eu que não me arrisco a apostar contra ela. O passado recente está aí para isso.

Se tiver um carro decente nas mãos, Hamilton vai voar novamente. Tenho certeza que ele ainda vai dar muitas alegrias aos seus fãs e protagonizar mais capítulos belíssimos na F1. Como amante desse esporte e um admirador da sua biografia, tenho na memória alguns momentos marcantes do heptacampeão. Aquele GP de Mônaco de 2019, por exemplo: com pneus desgastados e um Verstappen endiabrado querendo a ultrapassagem, Lewis manteve a concentração, não cometeu erros e mostrou uma regularidade incrível para vencer aquela corrida – e de quebra homenageou o inesquecível Niki Lauda.

Que os amantes deste esporte aproveitem os últimos capítulos de Sir Lewis Hamilton. Um gênio do esporte como ele merece todos os aplausos. Para nossa sorte, a aposentadoria está descartada no momento. Teremos mais atos da sua trajetória espetacular.

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