Entre em contato conosco

Automobilismo

Aproveitem enquanto é tempo

Publicado:

em

Estamos no final do ano. Muita coisa relevante aconteceu, fato. A pandemia da COVID-19 vai cada vez mais virando uma triste memória. Trocamos o presidente da República. Vimos uma guerra entre duas nações começar. Não faltam lembranças de 2022.

Na Fórmula 1, foi o ano da hegemonia absoluta de Max Verstappen e a sua consolidação como um dos maiores da história. Passar em vitórias gente do naipe de Juan Manuel Fangio, Jim Clarck, Nelson Piquet, Jackie Stewart e Fernando Alonso não é pouca coisa. O bicampeonato confirma o enorme potencial visto no vulcânico holandês em anos anteriores. Rápido, agressivo, com uma regularidade absurda e sem cometer erros. Uma máquina de pilotar.

Tenho certeza absoluta que vocês esperavam um duelo dele com Lewis Hamilton. Bom, esse último dispensa apresentações – é um dos maiores de todos os tempos. Hamilton vs Verstappen é a maior rivalidade da F1 contemporânea e certamente está no mesmo hall de Lauda vs Hunt, Senna vs Prost e Schumacher vs Hakkinen.

Por mais que a F1 tenha outros pilotos de grande quilate, as atenções estão todas voltadas para os dois grandes rivais da atualidade. Eles estão em outra prateleira e sempre nos proporcionam duelos incríveis. Com carros competitivos nas mãos, já presenciamos verdadeiros espetáculos.

Todos nós estamos ansiosos para novos capítulos dessa saga. Os fãs, passionais que são, vivem em uma guerra perene na defesa do favorito e na malhação do adversário. É um porre para quem realmente ama o automobilismo.

Não sou pago para defender piloto A ou B, equipe X ou Y. Só acho engraçado como as pessoas acreditam piamente na dualidade mocinho-vilão com referência a Hamilton e Verstappen. Muitos gostam de falar que Hamilton é sonso, desleal com os companheiros – citam o entrevero com Nico Rosberg – e que só ganha com carro bom. Já Verstappen é novo Schumacher: trapaceiro, sujo e também só ganha com carro bom.

Pura bobagem. Lewis não costuma afinar para quem desafia o seu status na equipe ou mesmo no grid. E deveria? A F1 é um espaço com pouca margem para risinhos, bom-mocismo ou estoicismos ingênuos. O jogo psicológico faz parte do esporte, bem como a sua exploração. Hamilton costuma se dar bem nisso, pois a força mental de um piloto que já perdeu um campeonato por seus próprios erros e soube buscar outro sem o melhor carro é inquestionável.

Já Max é tachado como verdadeiro vilão dentro e fora das pistas, aquele que muitos amam odiar. É tragicômico. Uns dois anos atrás e ele era sinônimo de velocidade pura, arrojo e um dos mais queridos do grid. Agora que começou a pulverizar os adversários e estabelecer uma hegemonia incrível na F1, vaias e desprezo. Incrível como funciona a cabeça de um fã. Verstappen é um grande piloto em busca dos seus objetivos – nada além disso. O resto é inveja mal confessada.

Ambos jogam duro e já passaram do ponto em algumas ocasiões – principalmente ano passado. Em Silverstone, Hamilton jogou Verstappen para fora da pista a quase 300 km/h. Batida forte, o holandês saiu tonto e viu o rival ganhar a prova e voltar a brigar pelo campeonato. Em Monza, foi a vez de Verstappen viajar na maionese e provocar um incidente que tirou ambos da pista. Pior para Hamilton, que tinha uma chance real de terminar na frente do rival e ficou de fora ao ver o RB16B passar perto da sua cabeça. É isso, meus caros. Quando se trata de corrida de carros, essas coisas acontecem.

Dizem que a F1 está chata, que a eletrônica tirou a essência do esporte e que antigamente o braço resolvia tudo. Bobagens gigantescas. A evolução tecnológica da categoria proporciona mais segurança aos pilotos e é justamente isso a permitir um piloto muito agressivo como Verstappen. Nem tudo muda ou evolui para melhor, mas a F1 contemporânea é tão ou mais emocionante que a de dez ou vinte anos atrás.

Temos dois pilotos fora de série. Um já consagrado com seus sete títulos, outro construindo a sua biografia com duas taças no currículo. Tentar diminuir ou demonizar um deles é perder tempo. Somos privilegiados em presenciar ao vivo e em cores dois fenômenos do automobilismo. Não importa se você é fã de Hamilton ou de Verstappen. Apreciem a pilotagem de ambos em 2023. Aproveitem enquanto é tempo, pois os gênios não são produzidos em série.

Compartilhe esta publicação
Clique para Comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.