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Automobilismo

125 anos de Enzo Ferrari

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Por mais grande que seja, nenhum time está acima do próprio futebol. Pense no Real Madrid, por exemplo: são 14 títulos de Liga dos Campeões, 35 campeonatos espanhóis e 9 mundiais. É o maior time do mundo, fato incontestável. Mas nunca será maior que o esporte.

Quando o esporte em questão é o automobilismo, aí a coisa muda de figura. Temos um time maior que ele. Você pode não gostar das corridas, aqueles carrinhos guiados por malucos arriscando a própria vida e por aí vai, mas um nome é impactante demais para ser desconhecido: Ferrari.

Sim, a Ferrari é maior que o automobilismo. Na Itália, é uma religião. Peça a uma criança para desenhar um carro e certamente ela fará na cor vermelha. Essa frase não é minha: é do fundador da marca que é sinônimo de automóvel. Enzo Ferrari, o comendador. Em um 18 de fevereiro como este, há 125 anos, nascia o criador de um nome que jamais será apagado da memória universal.

Enzo Ferrari foi um personagem ímpar, daquelas figuras cheias de nuances complexas. Dispensado pela Fiat e golpeado impiedosamente pela Alfa Romeo, ele jurou vingança a ambas. São nomes impactantes e que estão presentes no caminho do comendador, um homem marcado pelas experiências da vida que nunca desistiu frente aos inúmeros obstáculos encontrados.

Não foram poucas, tampouco menores. Enzo perdeu o pai e o irmão durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1956, seu filho Dino morreu aos 24 anos, vitimado por uma severa distrofia muscular. Em 1981, Gilles Villeneuve, piloto da Ferrari e um dos mais queridos pelo comendador, morreu após um acidente no treino classificatório para o GP da Bélgica. Todas essas pancadas que a vida deu marcaram a sua personalidade. Enzo sempre aparecia de óculos escuro, em uma imagem similar a de qualquer mafioso, mas era um sinal do luto pela perda irreparável do filho Dino – sem dúvidas a pior delas.

E os carros da Ferrari, aquelas máquinas exuberantes, sonhos de consumo de qualquer endinheirado com bom gosto? Bom, a produção dos carros de rua da marca só começou a partir de 1947 – dezessete anos após a fundação da empresa – e veio como a solução encontrada pelo comendador para conseguir dinheiro suficiente a fim de concluir uma vingança contra a Alfa Romeo. Ele foi chutado da própria empresa pela AR, pois ambas tinham uma parceria e essa última adquiriu controle total na empreitada. A conta para Enzo era muito simples: carros de rua davam dinheiro para carros de corrida melhores. Com isso, a Ferrari venceu e superou a Alfa, resultado na retirada dos rivais do automobilismo – vingança concluída.

Com a Fiat a coisa foi diferente: ela comprou metade das ações da Ferrari e iniciou uma parceria com a própria. Enzo continuou na dianteira da sua empresa, mas com os cofres mais cheios. Para ele, mais uma vingança concluída.

Esse personagem ímpar nos deixou em 14 de agosto de 1988, em Maranello, aos 90 anos. Era o ponto final de uma vida intensa, recheada de dramas e histórias impactantes. Morria o homem, nascia a lenda. Ninguém esquece do indivíduo que criou sozinho e apesar das adversidades a marca que simboliza um automóvel. A existência do comendador não cessou.

Para concluir, uma história inesquecível: o GP da Itália de 1988. Realizado quase um mês após a morte do comendador, a corrida caminhava para uma previsível dobradinha da McLaren – o MP4/4 guiado por Ayrton Senna e Alain Prost era de longe o melhor carro do grid e venceu 15 das 16 corridas da temporada. Até que Prost teve problemas e acabou abandonando a corrida. Senna vinha tranquilo na dianteira sem a menor ameaça, mas protagonizou uma batida bizarra com Jean-Louis Schlesser, que era retardatário. Faltavam apenas duas voltas. Gerhard Berger e Michele Alboreto vinham logo atrás. Ambos da Ferrari. Vitória de Berger. Uma improvável dobradinha ferrarista em casa levou ao delírio um público ainda de luto pela morte de Enzo. Um capítulo marcante na história da Fórmula 1 – e da própria Ferrari, é claro.

São fatos como esse que fazem da existência do comendador algo infinito. Ele fundou uma marca que virou sinônimo de carro. A equipe de F1 é a mais vitoriosa da história e a única a estar presente em todas as temporadas. Hoje, completam-se 125 anos do nascimento desta lenda. Então, feliz aniversário, Enzo Ferrari. Buon compleanno, commendatore.

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