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Vai dar liga?

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Alonso

Fernando Alonso assinou por duas temporadas com a Aston Martin. O bicampeão mundial chega para liderar uma equipe que quer brigar com as gigantes e chegar ao topo da Fórmula 1. Um desafio interessante para ele.

A saída da Alpine pode ser contestável em um primeiro momento, mas me parece justificável. O time francês tem o pior motor da categoria desde o começo da era híbrida, investe menos que as grandes e não dá sinais de ir além da posição de quarta força. Já a escuderia britânica usa motor Mercedes, gasta rios de dinheiro no desenvolvimento do carro e tem um corpo técnico muito qualificado – sem falar da ideia de fabricar uma unidade de potência própria.

São dois projetos distintos. Por mais que seja um piloto de 41 anos, Alonso ainda sonha em vencer corridas e brigar por coisas maiores. Sem dar mostras de declínio físico ou técnico, a Aston Martin é um bom lugar para tais desafios. A Alpine tem um carro melhor agora, mas é uma realidade que tende a mudar.

Dom Fernando cutucou o próprio time por dar atenção total a Oscar Piastri. Sabemos como o espanhol é difícil de lidar e tem um ego enorme, além do jovem australiano ser um talento absurdo que venceu F3 e F2 nas primeiras temporadas. Mais uma vez, a situação depõe contra a Alpine: a equipe geriu tão mal a encrenca que perdeu os dois pilotos – Piastri assinou com a McLaren. Tamanha incompetência é imperdoável na F1.

É importante destacar as particularidades de cada equipe, pois não há a menor dúvida acerca do talento de Alonso. Bicampeão mundial com a Renault, vencedor de um duelo belíssimo contra Michael Schumacher, responsável por fazer a Ferrari brigar por títulos com carros bem limitados… Ele tem muita história para contar e uma folha extensa de bons serviços no automobilismo.

Os fãs que torcem o nariz para ele ressaltam outras características fora das pistas, como a pecha de ser alguém difícil de lidar. A briga com Lewis Hamilton na McLaren é um exemplo, mas, ora bolas, uma equipe britânica com piloto britânico é uma combinação que torna tal relacionamento muito complicado – até mesmo para quem chegava após dois títulos seguidos. Ron Dennis não aliviou a barra do consagrado Alain Prost no duelo com o ascendente Ayrton Senna, e todos os sinas de benefício a Hamilton são evidentes demais para passarem despercebidos.

De resto, só mesmo o entrevero recente com Esteban Ocon merece maiores considerações. Novo azar: equipe francesa com piloto francês. Mas, nesse caso, não há nada que se diga da Alpine em relação a possíveis benefícios a um em detrimento ao outro – a não ser as quebras terem ocorrido quase 100% com Alonso. A má relação se deve a fatos dentro da pista e também ao próprio Ocon, que costuma falar bobagem nas entrevistas. Aí não tem quem aguente.

Dito tudo isso, o que esperar da parceria entre Fernando Alonso e Aston Martin? Essa inesperada união vai mesmo dar liga?

Difícil saber. Alonso está zarpando para um time que promete mais para o longo prazo, e ele é um piloto de 41 anos. Além disso, terá a companhia de Lance Stroll, filho do dono da equipe. Não há a menor dúvida sobre quem é melhor e os resultados na pista certamente falarão por si, mas longe de ser uma situação livre de rusgas entre ambos.

Porém, a Aston Martin parece ser uma equipe com maior potencial que a Alpine pelos motivos já citados. Se existe uma dependência da Mercedes pelo uso dos motores e de peças da escuderia alemã, a ideia é fabricar a própria unidade de potência a partir de 2026 e encaminhar a tão sonhada independência das flechas prateadas. Gente de altíssimo calibre a equipe tem. Basta lembrar a evolução do carro no decorrer de 2022.

Bater na mesma tecla do temperamento difícil do alemão é conversa fiada, bobagem da pior espécie. Alonso está em ótima forma, não dá sinais de decadência física ou técnica e parece muito motivado para continuar guiando em alto nível. Se a equipe dos carros esverdeados entregar uma máquina decente, ele vai entregar muito na pista. É ótimo ver o bom e velho príncipe das Astúrias correr no limite.

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