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Fórmula 1

Segunda Bandeirada #17: Três vezes Verstappen em Suzuka

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O público da Fórmula 1 odeia hegemonias. Esperar dias e semanas por uma corrida com resultado praticamente conhecido de antemão afasta uma parcela considerável do público. É um tema chato de tratar, mas ele reaparece a cada vez que certo piloto em determinada equipe aniquila impiedosamente a concorrência. Foi assim com Schumacher na Ferrari, Vettel na Red Bull, Hamilton na Mercedes e agora com Verstappen no time taurino.

Há uma beleza nas hegemonias. Eu disse isso faz algum tempo e continuo com a mesma convicção. De que maneira conheceríamos os gênios do esporte sem as melhores possibilidades para que eles detonassem os recordes? Nunca vi ninguém reclamar que a Libertadores perdeu a graça com o Boca Juniors de Carlos Bianchi nos anos 2000, tampouco com a dobradinha Flamengo-Palmeiras de 2019 a 2022. Pelo contrário: os rivais procuraram por mais reforços e estrutura capazes de levá-los ao topo da América. A vontade de vencer e desbancar os dois times só aumentou.

Mas na F1 tudo é choro e ranger de dentes. É senso comum falar que Schumacher era uma farsa, Vettel não mereceu tantos títulos e Hamilton só ganhou por ter um carro bem melhor que os demais. Com Verstappen, a nova fanfic é falar que ele não teve adversários. Que eu me lembre, ele correu contra os dois últimos citados em um grid com Raikkonen, Alonso e Button – ambos campeões mundiais. E seu começo de carreira foi na Toro Rosso com um carro longe do atual foguete feito pela Red Bull.

Piloto bom guia carro bom. Ponto. Com uma máquina boa como o RB20, Verstappen fez o que um piloto do nível dele deve fazer: pole position, largada sem nenhum susto, dianteira mantida até o final da prova e vitória sem susto algum. Mesmo que Sérgio Perez tenha feito uma graça no treino classificatório, o tricampeão mostrou qual é a ordem das coisas na Red Bull ao enfiar pouco mais de onze segundos de vantagem em cima do mexicano. Situação inglória a de Checo: guia o melhor carro do grid e come uma poeira danada do companheiro de equipe.

Voltemos ao tema hegemonia. Uma das coisas mais legais disso é assistir as corridas com o pensamento de que o improvável pode acontecer e virar história. Quem não lembra daquele fantástico GP da Espanha de 2012, quando Fernando Alonso venceu com uma problemática Ferrari em uma era de plena dominância da Red Bull? Ou do pit stop atrapalhado de Lewis Hamilton que fez o GP da Itália de 2020 parar nas mãos de Pierre Gasly? São vitórias do acaso, raras, mas acontecem. E viram história.

E se nada disso ocorre, vence o melhor piloto. A F1 sempre foi assim. Não há porque lamentar agora. É alguém fora de série escrevendo capítulos que serão lembrados pela eternidade. Queria muito ter acompanhado os anos Schumacher, mas eu era uma criança muito pequena sem entendimento real das coisas. Vi a era Vettel e a era Hamilton, dois gênios do esporte. Foi um privilégio.

Verstappen venceu a sua terceira corrida consecutiva em Suzuka, pista old school de alta, lar de inúmeras decisões memoráveis de títulos mundiais, enfim, o circuito que consagrou os grandes da história. É forçoso para os haters, mas eu preciso dizer a eles: o holandês já é um dos melhores de todos os tempos. Vai confirmar o tetracampeonato, vencer mais corridas – provável que chegue ou passe da marca das 70 vitórias em 2024 – e seguir no topo por bastante tempo. Se você está assistindo a F1 esperando disputas ferrenhas pela dianteira e trucidando a categoria por não ter o que deseja, bom, existem outras no mundo do esporte a motor. Escolha a sua e seja feliz.

Quem ama de verdade a F1 continua nos momentos que dão um frio na barriga e nos que nos dão sono. Eu mesmo quase dormi nos treinos livres e nem por isso publiquei algum manifesto contra a existência das atividades de sexta-feira.  Corrida em Suzuka sempre nos proporciona capítulos que ficarão para sempre em nossas memórias, e o desse ano foi a continuação da biografia de Max Verstappen na F1, esse semideus do volante que será o maior piloto de todos os tempos caso continue por muito tempo na categoria.

 

Foto: Reprodução/ Portal Terra/ Pirelli Motorsport

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