W2RC
Sanders revoluciona sua abordagem e lidera nova era da KTM nos rally-raids

Após turbulências internas e grandes mudanças no paddock, equipe laranja inicia temporada 2025 do W2RC como favorita, com Daniel Sanders invicto e um novo espírito competitivo
Desde que assumiu o comando da equipe de fábrica da KTM nos rally-raids, no Rallye du Maroc de 2023, Andreas Hölzl – ou simplesmente “Andi” – tem conduzido a marca austríaca por uma fase de transição intensa. Após a redução da presença das marcas irmãs GasGas e Husqvarna, além das aposentadorias de três campeões como Sam Sunderland, Toby Price e, mais recentemente, Kevin Benavides, Hölzl manteve o foco e a estabilidade no projeto. O esforço rendeu frutos com uma das campanhas mais dominantes dos últimos anos: a vitória no Dakar 2025 com Daniel Sanders, e uma sequência inédita de três vitórias consecutivas do australiano no RallyGP.
Discreto e técnico, o engenheiro austríaco comemora não só os resultados, mas a transformação que vê em sua equipe e, em especial, em Sanders. “Ele mudou muito sua abordagem às corridas desde o Rallye du Maroc 2024. Começou a buscar mais detalhes, a se preocupar com o acerto ideal da moto e a se preparar melhor fora das pistas. A chave está na preparação. Não é só correr, é fazer a lição de casa. Isso fez toda a diferença”, conta Hölzl, que está há mais de duas décadas no Grupo KTM.
O título no Dakar foi ainda mais marcante por ter ocorrido em um momento delicado economicamente para a fábrica. “Foi uma vitória necessária. Mostramos que, mesmo com dificuldades, somos resilientes. Os pilotos entenderam a importância de apoiar a KTM nesse momento e nos ajudaram a manter viva a imagem de ‘prontos para correr’ que é o DNA da marca”, explica.
O sucesso também é fruto de uma reestruturação técnica. Em 2024, a nova moto de fábrica teve um desempenho abaixo das expectativas, mas o trabalho integrado entre equipe e pilotos permitiu uma evolução rápida. O resultado está na liderança da KTM no campeonato de construtores do W2RC e na presença de dois de seus pilotos — Sanders e Luciano Benavides — no topo da classificação geral.
Com a aposentadoria de Kevin Benavides, Hölzl aponta que a equipe segue estável com três pilotos e mira o desenvolvimento de jovens talentos. “Kevin teve uma abordagem exemplar. Agora estamos de olho na nova geração. Edgar Canet, por exemplo, é um jovem com grande potencial. A equipe satélite BAS está fazendo um ótimo trabalho com ele, e seguiremos colaborando de perto. Hoje, preferimos focar na qualidade, não na quantidade. O mercado também não oferece muitas opções disponíveis”, analisa.
Por fim, o chefe da KTM se mostra otimista com o caminho do Mundial de Rally-Raid (W2RC). “O campeonato está bem estruturado, os roadbooks são bem preparados, os eventos têm boa organização. Na África do Sul vimos um rali com características totalmente diferentes do deserto, exigindo nova mentalidade dos pilotos. Isso enriquece o esporte, e estou feliz por fazer parte dessa evolução.”
Com Sanders no auge e uma estrutura afinada, a KTM mira sua primeira conquista do título de pilotos e construtores no RallyGP sob o formato do W2RC — e tem todos os ingredientes para isso.