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Automobilismo

Os recordes estão lá para serem quebrados

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Max Verstappen venceu tranquilamente o Grande Prêmio da Austrália. Não tenho muito a acrescentar sobre a corrida em si. Fora a relargada no final, foi uma vitória fácil. É isso o que acontece quando se dá o melhor carro para um piloto fora de série: ele some do resto do grid.

Quero falar das marcas alcançadas por ele. Com o triunfo na Austrália, Verstappen soma 37 vitórias na carreira e chegou ao pódio de número 80. Nessa última, ele igualou Ayrton Senna e está a cinco vitórias de passar o tricampeão – o que fatalmente irá acontecer na atual temporada.

Foi o bastante para despertar a ira dos sennistas, ah, não se pode comparar o imaculado Senna com o desprezível Verstappen, bons tempos aqueles que o piloto resolvia no braço – as bobagens de sempre. O holandês cometeu o crime inafiançável de querer ganhar e alcançar os números do inatacável brasileiro. Santa paciência.

Verstappen é igual a qualquer grande campeão: competitivo, quer vencer o tempo inteiro, um tanto egocêntrico e pilota nos limites que a esportividade permite. Pesquisem a biografia dos outros gênios do esporte a motor e irão constatar que todos eles possuem tais características. Em um esporte com disputas tão acirradas e com milésimos de segundo fazendo a diferença, ninguém é completamente santo. Absolutamente ninguém.

Só para dar um exemplo: Michael Schumacher é constantemente tachado de trapaceiro por jogar o carro em Damon Hill para ser campeão em 1994. Em que pese a atitude reprovável, Schumacher deveria ter levado o título bem antes – a FIA aplicou punições pesadas e questionáveis ao alemão. Pois bem, Senna fez a mesma coisa com Alain Prost em 1990 – com o adicional do incidente ter sido bem mais perigoso que o entrevero entre Hill e Schumacher. Mas o brasileiro não vê problema algum, já que o imaculado apenas se vingou do ocorrido no ano anterior.

Fórmula 1 não é o BBB, não tem santo e vilão duelando como o bem e o mal nas novelas. Quem pensa assim está acompanhando o esporte errado – se é que existe alguma disputa nesses moldes. No automobilismo, é cada um por si e Deus por todos, nem mesmo a camaradagem de equipe resiste a disputas mais acirradas. Se você não gosta de esportistas que privilegiam seus próprios interesses em detrimento aos do resto, bom, pode largar a F1. As coisas sempre foram assim e sempre serão.

Ficar bravo quando algum piloto alcança – ou mesmo supera – as marcas de outro mais benquisto é uma grande bobagem. Lembro quando Cléber Machado disse não existir imbatível no esporte ao narrar o GP da Turquia de 2020, quando Lewis Hamilton conquistou o seu sétimo título mundial e igualou Michael Schumacher. É isso. Ninguém é insuperável.

Aliás, tal fato é emblemático em como se deveria tratar a coisa. Hamilton diluiu os recordes de Schumacher em 2020 com seu lendário W11 – um dos melhores carros da história da F1. Os fãs do alemão diminuíram o britânico e espalharam bobagens a seu respeito? Não. A própria família de Schumacher emitiu um comunicado via Instagram parabenizando Hamilton, dizendo que gostariam que os recordes ficassem com Michael, porém, como ele mesmo dizia, eles estão aí para serem quebrados.

E estão mesmo. Até Schumacher dinamitar a concorrência, ganhar tudo e colocar seu nome com maior de todos, ninguém sonhava que alguém pudesse superar os cinco títulos de Juan Manuel Fangio. Antes mesmo disso, as 65 poles de Senna eram tidas como insuperáveis. Quando o alemão enfileirou sete títulos e passou a ser o maior campeão de todos os tempos, pensava-se em décadas ou mesmo nem isso para alcançá-lo. Mas o esporte é isso aí. Veio Hamilton e pulverizou todos os seus recordes.

Verstappen é jovem, guia em uma equipe de ponta e terá outras oportunidades para disputar vitórias e títulos. Enfileirar taças será uma questão de escolha para ele, pois talento e carro bom certamente não faltarão. Passar Senna em vitórias e títulos também parece ser um fato, restando saber quando acontecerá. Então, quem o odeia precisa se acostumar com o seu sucesso desde já – mesmo com um bicampeonato e 37 vitórias na conta.

Afinal, ninguém é insuperável. Os recordes estão aí para serem quebrados.

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