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Automobilismo

Os imbecis querem tomar de assalto a Fórmula 1 – não podemos permitir isso

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A Fórmula 1 é a minha grande paixão. Vocês não imaginam a felicidade deste garoto ao acordar cedo para assistir um treino livre, um qualy ou uma corrida. Certamente não sou o único. Milhões de apaixonados mundo afora fazem a beleza da categoria mais popular do automobilismo, e cada ato é um show à parte. Nada se compara a um campeonato com mais de sete décadas de existência.

Justamente por envolver tanta coisa, faz parte termos os nossos momentos de frustração na F1. Quem torce para determinado piloto ou equipe deve lembrar daquela vitória a escapar entre os dedos, aquele campeonato perdido dolorosamente. É do jogo. Mas os acontecimentos no GP da Áustria de 2022 representam mais que simples dissabores. São episódios com um significado maior e apontam para um caminho tenebroso que a categoria está rumando.

Os relatos são de embrulhar o estômago: vão desde racismo até importunação sexual contra mulheres. Algumas torcedoras tinham medo de ir aos banheiros. São coisas absurdamente chocantes, comportamentos indignos de alguém que mereça a classificação de ser humano. Racismo é nojento e abjeto, e quem o tem desceu a um nível animalesco tão grande a ponto de só enxergar a cor da pele de alguém.

Quanto ao assédio, nada diferente. É hora de reafirmar que queremos as mulheres no meio do automobilismo, e não há maneira melhor de fazer isso que condenar veementemente essas sandices. Você não precisa ser um ‘’feministo’’, ter um quadro da Frida Kahlo em casa ou um entusiasta de Simone de Beauvoir para tal. Basta ter respeito, e isso é o mínimo que elas merecem.

A F1 tem um ambiente historicamente hostil ao público feminino que gosta do esporte. Demoramos um tempão para ver as mulheres nos autódromos, acompanhando as corridas, ocupando espaços na mídia e emitindo opiniões muito interessantes sobre o assunto. Se deixarmos essas coisas passarem batidas, estaremos normalizando o inaceitável e podando o surgimento de novas mulheres nesse meio. Isso não se pode admitir.

Mas não é apenas isso que vem me preocupando. Uma simples olhada no Twitter basta para perceber. Inúmeras pessoas que torcem para pilotos ou equipes espalhando ódio contra rivais – isso quando os alvos são realmente rivais – e a velha e cansada narrativa do bem contra o mal, o nós contra eles.

Digo isso porque ontem foi mais um exemplo. Max Verstappen comentou os fatos lamentáveis ocorridos em Spielberg, e como não poderia deixar de ser, teve suas falas retiradas de contexto. O objetivo é o sempre o mesmo: apresentá-lo como o diabo na Terra, o mimado que nunca cresce e aquele que representa tudo de ruim. Ninguém é obrigado a gostar de Verstappen, mas esse ódio gratuito contra ele cansa. É um sentimento burro e infundado.

Também vejo muita gente odiar gratuitamente Lewis Hamilton, mas o heptacampeão conta com mais admiradores e defensores por aqui – tanto entre os fãs quanto na imprensa. Quando se trata de Verstappen, a maioria se dispõe a execrá-lo de maneira doentia. Isso não é torcer. Cada um pode ter a equipe ou o piloto de sua preferência – e que bom que tenha. Mas acompanhar a F1 com o único objetivo de torcer contra alguém é de uma estupidez gigantesca.

É preciso esclarecer algumas coisas. A Fórmula 1 não pode virar o paraíso perdido de racistas, assediadores e quem se propõe a odiar pilotos e torcidas. Essas pessoas não contribuem em nada com o automobilismo e transformam um ambiente bacana em um verdadeiro inferno. Contaminar um espaço que tem tudo para ser festivo, alto astral e apaixonante é algo para ser evitado – cabe a cada um de nós colaborar para isso nunca acontecer.

Podemos conviver juntos, seja lá qual a torcida, piloto ou equipe favorita. A F1 já viu Lauda vs Hunt, Senna vs Prost e Schumacher vs Hakkinen. Ela também pode presenciar Hamilton vs Verstappen de maneira sadia e esportiva. Claro que dentro da pista os dois vão dar o melhor de si, podendo sair uma faísca aqui, uma rusga acolá. Mas o respeito deve prevalecer. Não é a predileção por um dos dois que se ganha o direito de ser racista, espalhar inverdades nascidas pelo ódio a um dos lados envolvidos ou mesmo assediar as garotas que também torcem. É hora de não deixar os imbecis tomarem de conta do automobilismo.

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