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Automobilismo

Mick na Mercedes é ótimo para ambos

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Algumas pessoas ficaram surpresas com a ida de Mick Schumacher para a Mercedes. Mesmo como piloto de testes, pensaram ter sido um absurdo, brinde da equipe alemã conquistado pelo sobrenome. Afinal, o jovem alemão foi fritado da maneira mais constrangedora possível pela Haas após uma temporada de altos e baixos. Como ele foi parar na escuderia que dominou a Fórmula 1 nos últimos anos?

Aqui no Brasil, fã – ou nem isso, apenas palpiteiro de ocasião – pensa o automobilismo como um esporte similar ao futebol. Se fulano não ganha ou andou mal por uma temporada, pode jogar fora. Diz o ditado corrente na F1 que você é tão bom quanto a sua última corrida. Quem viu Mick sofrendo um bocado na Haas pode concluir que ele não tem nível para a categoria – como disse uma jornalista por aí.

As coisas não são bem assim. Mick correu na F3 e na F2 – venceu ambos. Pegar dois anos ruins na Haas e tirar conclusões definitivas acerca da sua capacidade é precipitado, ainda mais em uma equipe com conhecido histórico em fritar precipitadamente seus pilotos.

Não vimos o melhor dele na F1. Faltou carro bom e paciência para lidar com ele. Quem diabos guia bem quando o próprio chefe trata de fritá-lo na imprensa e coloca o seu cockpit em xeque? Citar a pole circunstancial de Kevin Magnussen em Interlagos e seu desempenho melhor na pontuação é contar uma meia verdade acerca da temporada de 2022, pois Mick melhorou na segunda metade da temporada e chegou na frente várias vezes de Magnussen. Era tarde para pontuar, uma vez que a Haas nunca acerta a mão nas atualizações e come poeira das rivais.

Por acreditar no seu potencial, a Mercedes foi buscá-lo para a posição de piloto de desenvolvimento. E Mick confia nela para voltar ao grid, ainda que não como titular na escuderia alemã. Explico: as flechas prateadas já colocaram os seus em outras equipes pelo poder de barganha adquirido ao fornecer motor para três times.

Esteban Ocon teve sua carreira ajudada generosamente pela Mercedes. Não conseguiu uma vaga no time, mas por influência dos alemães, foi contratado pela Force India em 2017 – desnecessário ressaltar que a equipe usava motor Mercedes. Depois uma temporada fora da F1, voltou após fechar com a Renault para 2020, e na temporada seguinte conquistou sua primeira vitória no GP da Hungria correndo pela Alpine. É um piloto longe de encher os olhos, mas com nível para justificar a permanência na categoria.

Nyck de Vries é outro caso simbólico. Piloto reserva por anos da Mercedes, ele nunca viu próxima a possibilidade de assumir o cockpit das flechas prateadas. Até que Alexander Albon desfalcou a Williams no GP da Itália e surgiu a possibilidade de correr ao menos nessa corrida. E de Vries conseguiu uma honrosa nona posição, resultado que ganha relevância ao ter sido conquistado com o pior carro do grid. O desempenho chamou tanta atenção que ele conseguiu um assento na F1 ao fechar com a AlphaTauri.

Em suma, a ida de Mick para a Mercedes é ótima para ele. E para a equipe alemã? Existe alguma vantagem nesse movimento? Sim, existe. A relação das flechas prateadas com o nome Schumacher é antiga e vem desde que Michael corria de Endurance pela Mercedes. Sua chegada na F1 foi possibilitada financeiramente por ela. E após consolidar uma carreira absolutamente vencedora, ele voltou da aposentadoria para estabelecer as bases da hegemonia mercedista na era híbrida. Quem ressaltou o papel de Michael Schumacher nesse processo foi ninguém menos que Toto Wolff.

Se Michael Schumacher pagou a dívida de gratidão com a Mercedes ao ajudá-la na sua volta como equipe à F1, ela retribui dando a mão ao seu filho – justo em um momento muito complicado da carreira do jovem Mick.

Portanto, ninguém saiu perdendo nessa história. Muito pelo contrário. Mick ganha rodagem em uma equipe de ponta, e de quebra vira piloto reserva da McLaren em algumas corridas. A Mercedes traz um grande talento com um nome importantíssimo na história da equipe. É bom ver Mick com a possibilidade de pilotar um carro bom – coisa que nunca aconteceu. Que tenha muito sucesso na carreira e confirme o potencial demonstrado nas categorias de acesso.

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