Entre em contato conosco

Fórmula 1

Destino de Felipe Drugovich na Fórmula 1 – ou fora dela

Publicado:

em

Drugovich

Confesso sentir um certo incômodo com as expectativas criadas na possibilidade de Felipe Drugovich correr na Williams em 2024. Ele é brasileiro, o fã costuma ser passional além da conta com os pilotos tupiniquins, essas obviedades todas que já conheço. Mas a realidade dos fatos foi jogada às traças em nome do pachequismo mais tresloucado possível.

Ao ler o parágrafo anterior, meus queridos leitores podem ter a impressão de que vou malhar Drugovich e falar que ele nunca foi tudo isso. Mas não é bem isso. Sempre reconheci o seu talento inquestionável, as qualidades da sua pilotagem e o lado cerebral bem apurado para sair de enrascadas na pista – ele não é um destruidor compulsivo de carros como alguns pilotos na Fórmula 1. Quem quiser tirar a prova, basta reler o texto que fiz após o seu anúncio como piloto reserva da Aston Martin – fato ocorrido pouco depois do título da F2.

Pois bem, vamos ao que interessa. Drugovich não correrá pela Aston Martin em 2024. A dupla do time esverdeado continuará formada por Fernando Alonso e Lance Stroll. Um é bicampeão mundial e reconhecido como um dos maiores talentos brutos de todos os tempos. O outro é filho do dono, e mesmo sendo um piloto abaixo da crítica, não tem a menor chance de ter sua vaga ameaçada. Se o brasileiro quiser algo na F1, vai ter que buscar assento em outra equipe.

Aí você olha para o grid. Portas fechadas, equipes com pilotos garantidos e nenhuma possibilidade de novas escuderias. Em suma, a F1 é um clubinho fechado e quase inacessível – também já abordei esse tema. O único fio de esperança é a Williams. Um dos seus pilotos, o rookie Logan Sargeant, performa mal, vive andando atrás do companheiro Alexander Albon e bate como quem guia carrinhos de parque de diversões. O time britânico está longe dos dias de glórias – cada vez mais distantes – e precisa de alguém com boas credenciais para andar mais e melhor que Sargeant.

A Williams divulgou um vídeo com um monólogo bem fraquinho de James Volwes, chefe da equipe. O fraquinho é por minha conta, mas nada inapropriado para a situação: ele quis dar uma moral para Sargeant e disse contar com ele na próxima temporada. Muitos entenderam como indicativo cabal da renovação com o americano, mas no mundo da F1 o jogo de cena é quase lei. Os figurões dizem uma coisa hoje e fazem diferente amanhã. Além disso, a F1 não está um mar de rosas para os jovens pilotos. Portanto, se o comunicado de Volwes é tido como a prova final da continuidade de Sargeant na Williams, nada está definido.

Posso estar errado e a Williams anunciar a sua renovação logo depois da publicação destas linhas? É lógico que sim. Jornalista faz análise com base no quadro do momento, não previsões toscas do que pode acontecer. A arte da adivinhação não é comigo. Então a vaga no time britânico ainda me parece indefinida e Drugovich tem chances de ocupá-la. A conferir.

Porém, a tendência é de Felipe Drugovich não conseguir um assento em outra equipe. Se a atual conjuntura permanecer, que ele busque outra categoria para retomar os trabalhos como titular. Já ficou um ano parado, é muita coisa na carreira de um piloto, ainda mais um jovem em busca de afirmação. Se a F1 for mesmo um sonho absoluto, é acumular quilometragem e voltar melhor e mais experiente. Caso contrário, correr e estabelecer uma carreira sólida em outro lugar. Existe vida longe da F1, e vida boa. Não é o fim do mundo entender que ela é inalcançável ou única coisa que importa no esporte a motor.

Tanto a Indy quanto a Fórmula E abriram suas portas para ele. No caso da primeira, especulação em uma equipe fraquíssima. Já nos carros elétricos, a suposta oferta veio da Maserati, um time com condições de andar no pelotão da frente na categoria. Minha modesta opinião: um convite melhor em uma dessas duas é irrecusável na situação atual. Drugovich é talentoso e tem condições de andar bem em qualquer categoria do esporte a motor. A F1 é o topo em muitas coisas, mas longe de ser a única via importante no automobilismo.

 

 

Foto: Reprodução/ Tribuna do Nordeste/ Aston Martin

Compartilhe esta publicação
Clique para Comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.