Segunda Bandeirada #12: A Fórmula 1 está de volta

A espera acabou. Desde o Grande Prêmio de Abu Dhabi do ano passado, a Fórmula 1 não dava as caras na pista. Fora dela, aconteceu um turbilhão de fatos, polêmicas e especulações que não vem ao caso. O que realmente importa é o que é feito dentro dos circuitos.

Os fãs já mataram parte da saudade com a pré-temporada no Bahrein. Completamente ignorada em outros tempos, ela foi mais levada a sério sem os testes infinitos de outrora, servindo como uma boa bússola para o que pode acontecer no decorrer do ano. Já adianto logo: ela dá péssimos sinais aos amantes de disputas por vitórias e campeonatos.

A Red Bull continua no posto de equipe a ser batida. Na comparação com o resto do grid em simulação de corrida, foi apontada uma vantagem 0,45s para a Mercedes e 0,5s para a Ferrari, suas principais rivais na temporada passada. A situação é ainda mais impressionante quando comparada com a McLaren:1,1s. Claro que é sempre bom pontuar as variáveis lógicas de uma pré-temporada: quantidade de combustível colocada nos carros, mapas de motor mais ou menos agressivos, compostos de pneus utilizados… Ainda assim, parece-me muito crível uma repetição da temporada passada com os taurinos em posição hegemônica. O RB20 parece ter vindo sem os pouquíssimos defeitos do RB19.

Se a perspectiva se confirmar, apenas o improvável tira o tetracampeonato de Max Verstappen. O automobilismo admite surpresas em pequenas doses: uma corrida aqui, um qualy acolá. Jamais em disputa por título. O holandês é o melhor piloto em atividade na F1 e guiará o melhor carro do grid, o que mais pode acontecer? Seu companheiro é razoável, nada além disso. Sem uma batalha doméstica, não existe a menor possibilidade de Verstappen perder o campeonato. O tetra o deixaria atrás de Fangio, Schumacher e Hamilton no panteão dos deuses da categoria. É a história sendo escrita diante de nós.

A Ferrari aparenta uma melhora. Tímida e ainda incerta, mas é uma boa perspectiva. O SF-24 parece ter diminuído a degradação dos pneus, embora continue sendo o maior roedor de borracha do grid. Charles Leclerc e Carlos Sainz cravaram os melhores tempos na pré-temporada, o que reforça a boa performance ferrarista em volta lançada. Um melhor ritmo de corrida e a equipe pode ter chance de vitória em algum circuito mais travado como Mônaco ou Hungria – ambos casam bem com as características do carro. Porém, o time de Maranello ainda aparenta estar longe de alcançar a Red Bull. Chance muito pequena de brigar pelo campeonato.

Clima de otimismo na Mercedes. Mesmo com o favoritismo taurino admitido por Lewis Hamilton, o heptacampeão finalmente demonstrou uma satisfação que não se vê desde o começo do regulamento atual – a equipe errou a mão no W13 e no W14. Pois bem, o W15 aparenta ser uma máquina estável e sem traço algum de porpoising – o calcanhar de Aquiles em 2022. Pelo o que foi visto na pré-temporada, as flechas prateadas estão em segundo lugar no ritmo de corrida, o que é algo para comemorar. Ainda não é o ideal, mas é ótimo para quem está em seu terceiro ano de regulamento e fez um carro completamente novo. Olho na Mercedes.

As demais equipes são verdadeiras incógnitas. A McLaren parece ter andado para trás, mas é só uma aparência não confirmada. Ninguém sabe o que esperar de Sauber e Racing Bulls: ora se diz que ambas têm carro para chegar nos pontos, ora são apontadas como candidatas ao fundo do pelotão. Mesma coisa da Williams, que continua com uma máquina ótima nas retas e tartaruga nas curvas de baixa velocidade. A Aston Martin não demonstrou condições de repetir o bom desempenho na primeira metade da temporada passada – Fernando Alonso deixou isso muito claro. Haas e Alpine parecem dividir a lanterna dos afogados, principalmente o time francês, que já faz hora extra na F1.

Todos esses prognósticos aguardam uma concretização nas corridas. O primeiro ato é no Bahrein, circuito de média e alta velocidade com curvas rápidas e exigentes. Por uma questão religiosa que afeta a segunda corrida do ano na Arábia Saudita, o GP do Bahrein será no sábado e o treino classificatório na sexta. Que comecem os jogos.