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Fórmula 1

O que Drugovich quer?

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Drugovich

Dois patrocinadores deixaram a Aston Martin. As marcas XP Investimentos e Porto não irão mais estampar seus logos nos carros esverdeados da equipe britânica. Ambas alegaram motivos genéricos para tal fato, pois a situação envolve o futuro – ou a ausência dele – de Felipe Drugovich na Fórmula 1.

Seria muita ingenuidade afirmar que tais marcas viraram patrocinadoras da Aston Martin sem qualquer relação com Drugovich. Se colocaram algum cascalho ali, tenho certeza que apostaram numa possível entrada do brasileiro no grid. Quando tal possibilidade não existisse mais, qual sentindo em continuar gastando rios de dinheiro na equipe?

Falando o português claro: Drugovich não estará no grid da F1 tão cedo. E antes que comecem com o pachequismo e as teorias conspiratórias da categoria ‘’não querer brasileiros’’, atentem para o momento dela e as escolhas do próprio piloto para entender uma equação nada difícil de ser compreendida.

Os pachecos mais ardorosos apontam para um talento absurdo de Drugovich e acham um absurdo o fato dele não estar correndo na F1. Devagar com a dor. Ele é um piloto talentoso, certo. Mas nada de excepcional – ao menos na visão das equipes da categoria. Venceu o campeonato da Fórmula 2 em uma equipe que jamais tinha alcançado tal feito, porém, já na sua terceira temporada por lá. Russell, Leclerc e Piastri venceram em suas respectivas estreias, por isso conseguiram uma vaga de maneira tão rápida no andar de cima. Quem é campeão depois da segunda temporada na F2 é visto com ceticismo e um certo desdém por parte dos chefes de equipe da F1 – eis o caso de Drugovich.

Outra dificuldade óbvia para o nosso compatriota: ele não é cria de nenhuma equipe ou montadora que esteja na F1. Gasly era da academia da Red Bull, foi campeão da GP2 e logo depois conseguiu um lugar na Toro Rosso. Russell tinha vínculo com a Mercedes, Leclerc com a Ferrari, Piastri com a Alpine… Todas equipes de fábrica – ou, no caso da Red Bull, uma gigante que disputa títulos. Drugovich foi ter laços com algum time depois de ser campeão da F2, quando fechou com a Aston Martin. Equipe promissora, dono disposto a gastar, futura parceria com a Honda, enfim, uma boa escolha. Mas seria óbvio que a sua entrada na F1 não seria tão repentina. Afinal, a escuderia britânica ainda engatinha para ser grande. Some isso com a relação entre ambos ser ainda mais recente. Só poderia dar nisso.

Até agora, falei de obstáculos superáveis. Porém, algo chamou mais ainda a minha atenção nessa história toda: Drugovich não mostrou a mínima vontade de correr em outras categorias. Parece ter olhos apenas para a F1. Ficou 2023 parado e continuará assim neste ano – se nada de extraordinário acontecer, é claro. Como um piloto pode almejar tanto um lugar ao sol na categoria mais popular do automobilismo mundial sem apresentar resultados por dois anos?

Segundo o Motorsport, Drugovich recebeu um convite de Chip Ganassi para correr na Indy. Não é qualquer oferta para correr no final do pelotão. É a Ganassi, equipe mais vitoriosa da categoria e que ganhou quatro dos últimos seis campeonatos por lá. Como diz o provérbio gaúcho, cavalo encilhado não passa duas vezes. Ainda que tal convite tenha sido feito em 2022 e a possibilidade de correr na F1 existisse, o mundo inteiro sabia que ela era pequena ou mesmo quase improvável. Rejeitar um lugar na Indy, ainda mais numa equipe como a Ganassi, é coisa de maluco.

Ele fez testes na Fórmula E. Guiou uma Maserati e liderou os tempos entre os novatos na categoria. Poderia estabelecer pontes e buscar uma vaga no grid, surgiu até mesmo uma possibilidade de correr na Andretti. Nada feito. Drugovich também não parece ter ficado encantado com os carros elétricos e continuou sem correr. É legítimo enxergar a F1 como o topo e batalhar duro para chegar lá. A carreira é dele e as escolhas também. Como jornalista, posso analisar apenas o que é do meu conhecimento. E as experiências pretéritas de outros pilotos em situações semelhantes mostram que o caminho traçado pelo próprio Drugovich não o aproxima da F1. Muito pelo contrário: pode terminar sem boas possibilidades em categorias tão respeitáveis quanto a tão almejada.

Assim fica difícil, Drugovich.

 

Foto: Reprodução/ Tribuna do Nordeste/ Aston Martin

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