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Fórmula 1

Segunda Bandeirada #13: Vitória com gosto agridoce

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O passeio da Red Bull no Grande Prêmio do Bahrein foi claro como o sol de Teresina. Se Max Verstappen venceu com um pé nas costas e estabeleceu seu quinto Grand Chelem na carreira, Sérgio Perez também não teve grandes dificuldades para chegar em segundo e estabelecer mais uma dobradinha do time taurino. Um mar de tranquilidade para a equipe dentro das pistas.

Dentro das pistas correu tudo maravilhosamente bem, mas fora dela o time está em pavorosa. O caso envolvendo Christian Horner e um suposto assédio a uma funcionária de identidade desconhecida ainda estremece os pilares outrora tão sólidos da Red Bull. Tal situação domina as conversas no paddock e escancara uma briga interna por poder dentro da empresa austríaca.

Vamos por partes. A corrida em si foi um vareio da RBR. Verstappen largou na pole, manteve a dianteira e abriu uma vantagem de quatro segundos já nas seis primeiras voltas. A previsão pessimista de Fernando Alonso – que os outros 19 pilotos sabiam que não teriam a menor chance de título – estava confirmada diante dos olhos do mundo. Ora, alguém acredita mesmo haver alguma equipe capaz de evoluir a ponto de fazer frente ao RB20?

A corrida mostrou aos fãs que não há como se iludir com essa possibilidade. O RB20 é um foguete. Carro estável, veloz e muito rápido. Verstappen pôde se dar ao luxo de colocar pneus macios no seu segundo stint da corrida – enquanto os demais pilotos, com exceção de Sérgio Perez, utilizaram o composto duro. A vantagem de 22 segundos para o companheiro foi didática para compreender quem é que manda na Fórmula 1 atual.

E as demais equipes? A Ferrari foi a segunda força no Bahrein e parece ser mesmo o time best of the rest, conquistado um lugar no pódio com Carlos Sainz – o espanhol deu um show de pilotagem. A Mercedes decepcionou em ritmo de corrida, já que os testes de pré-temporada emitiam sinais encorajadores aos mais otimistas com as flechas prateadas. McLaren e Aston Martin andaram para trás. E a Alpine? É simplesmente vergonhoso que uma equipe de fábrica apresente um desempenho tão ruim. Pierre Gasly e Esteban Ocon não são pilotos de ponta, mas merecem uma máquina decente.

No fim, deu a lógica. Max Verstappen caminha para o tetracampeonato e a adição de mais estrelas em sua vitoriosa carreira. Foi apenas a primeira corrida do ano, mas a afirmação já pode ser feita com grande margem de segurança.

Pois bem, dentro das pistas a situação é excelente. Fora delas, uma crise de potencial destrutivo enorme. Vocês já sabem do que se trata: o suposto assédio de Christian Horner. Bom, até agora não passou de especulação. A Red Bull contratou gente de fora para investigar a denúncia e o resultado inocentou o chefe de equipe. Quem grita aos quatro cantos que ele é culpado e a empresa passou pano, pode apresentar as provas para o mundo da F1, pois nada de concreto foi divulgado.

Também é de conhecimento geral a briga interna entre tailandeses e austríacos por mais poder dentro da Red Bull. Como se já não bastasse isso, surge a figura de Jos Verstappen, o pai do tricampeão Max Verstappen. Apontado por alguns como responsável pelo vazamento da investigação, o que também não é algo confirmado, ele deu declarações no mínimo intrigantes após a corrida no Bahrein. Ao comentar a situação de Horner, Jos disse que a permanência dele pode fazer o time rachar, além de apontar que o britânico está causando problemas e se fazendo de vítima.

É no mínimo estranho. Porém, trata-se de um dos sujeitos mais intragáveis do paddock. Jos acha que seu filho merece mais do que já tem na Red Bull. Ter carro bom e salário astronômico não bastam. Ora, não foi ele a ter sugerido uma suposta preferência da Red Bull por Perez no GP de Mônaco de 2022? Quem desmentiu Jos? Christian Horner. É ridículo. Agora se fala em uma possível ida de Verstappen para a Mercedes no próximo ano. Quero acreditar que o tricampeão sabe o que é melhor para a carreira, pois ir na onda do pai será desastroso.

Tal polêmica ofuscou a vitória incontestável no Bahrein. Em uma temporada previsivelmente tranquila para a Red Bull, as intrigas internas irão dominar o noticiário. E como o mundo da F1 adora uma polêmica, eis o novo métier dos jornalistas e criadores de conteúdo interessados no lado dramático da coisa.

 

Foto: Mark Thompson/ Getty Images / Red Bull Content Pool

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