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Fórmula 1

Segunda Bandeirada #07: Verstappen no hall dos gigantes

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Era questão de tempo. Max Verstappen conquistou o seu terceiro título mundial na sprint do Grande Prêmio do Qatar. Chegou em segundo, viu o companheiro Sergio Pérez abandonar a corrida e teve o privilégio de comemorar sua conquista já no sábado antes da atração principal.

O título em si não é lá tão digno de maiores considerações. Verstappen teve vida fácil em 2023. Os concorrentes mais capazes de ameaçar a sua hegemonia não tiveram um carro decente para tal peleja, e o seu colega de equipe demonstra estar muito abaixo do seu nível. Carro fantástico nas mãos de um gênio é a combinação perfeita para um campeonato fácil e quebra de recordes.

Para quem insiste em dizer que tudo é o carro e nada é Verstappen, Checo deu mais uma demonstração da diferença entre os bons pilotos e os gênios. Sim, pois os bons pilotos passam por fases ruins, e a atual é uma delas. O mexicano luta, tenta de todas as formas, procura melhorar, mas não consegue fazer cócegas no companheiro. Com exceção honrosa do Azerbaijão, ele não é páreo para o holandês e está longe de obter a consistência dos campeões.

Em uma disputa roda a roda de dois carros que estão na frente, você jamais tenta algo na entrada da curva. Freie antes, procure observar o que vai acontecer e só depois tente dar o bote – Hamilton fez isso ano passado em Monza em uma das mais lindas ultrapassagens dos últimos anos. Pérez tomou a linha de fora da curva e colou junto com Esteban Ocon e Nico Hülkenberg. Raras – ou inexistentes – as curvas com espaço para três carros. Não deu outra: Ocon espalhou além do necessário, Hülkenberg não teve como fazer nada e acertou Pérez em cheio. DNF para o mexicano, tricampeonato garantido para Verstappen naquele exato instante.

Não há prova melhor que o piloto faz diferença na Fórmula 1 ao comparar os desempenhos dos colegas de garagem. Verstappen faz o que faz com o melhor carro do grid enquanto Pérez parece um amador. Não é novidade, ora. Senna estava a anos-luz de distância de Berger, bem como Schumacher de Barrichello, Vettel de Weber, Hamilton de Bottas e por aí vai. No caso do brasileiro, quem ousou falar em ‘’ser o carro e não o piloto’’? Ninguém. Todos enalteciam Ayrton, como fizeram com os grandes campeões. Com Max não é diferente – exceto para os recalcitrantes mais fanáticos.

O que Verstappen faz – e fez nas temporadas passadas – é coisa digna de ser lembrada por bastante tempo. Ele bateu o recorde de mais vitória na mesma temporada de Schumacher (2002) ano passado e o de mais vitórias consecutivas de Vettel (2013). Se você pegar a pontuação do campeonato, o holandês somou 433 pontos, contra 224 do segundo colocado, Pérez. É quase o dobro. Ambos correm pela mesma equipe e guiam a mesmíssima máquina. Ainda que digam ou levantem teorias conspiratórios, a realidade é essa. O cara é fora de série.

Se vocês acharam a corrida bastante movimentada e cheia de possibilidades graças ao papelão da FIA acerca dos pneus, eu considerei justamente o contrário: GP morno, entediante e decidido pela posição de pista conquistada no qualy da sexta. A limitação de voltas com o mesmo jogo de pneu inviabilizou qualquer possibilidade de undercut. Peguem o GP dos 70 anos e vejam do que estou falando: Verstappen ganhou aquela corrida ao inverter a estratégia da Mercedes mesmo com um carro bem inferior. Ocon venceu o maluco GP da Hungria de 2021 graças à segurada do então companheiro Alonso em Hamilton. Se valesse para Hungaroring o que valeu em Lusail, não teríamos um vencedor inédito e inesperado naquela ocasião.

Bons pontos para a McLaren, que conquistou mais um pódio duplo com Piastri em P2 e Norris e P3. Destaque negativo para a Aston Martin e sua involução impressionante – corre o risco de terminar em P5 no mundial de construtores tendo começado a temporada como a segunda força. Mas, é claro, todas as glórias são dele. Verstappen é tricampeão. Colocou seu nome de forma inconteste no hall dos gigantes. Tem uma carreira muito promissora pela frente. É o grande nome da Fórmula 1 e sério candidato a quebrar todos os recordes da categoria. Fazê-lo ou não é questão de escolha.

 

Imagem: Getty Images via Red Bull Content Pool

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