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Fórmula 1

Segunda Bandeirada #04: ¡Bravo, Carlos!

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O Grande Prêmio de Singapura foi uma baita corrida em inúmeros aspectos. Não digo isso apenas pelo resultado, a derrocada da hegemônica Red Bull e um vencedor diferente. Isso é um reducionismo tosco. Várias alternativas e possibilidades fizeram desta corrida uma das melhores da temporada, e se duvidar, foi a melhor.

Mas, como dizia Giampiero Boniperti, vincere non è importante, è l’unica cosa che conta. Todas as atenções foram voltadas ao vencedor de maneira absolutamente justa. A vitória de Carlos Sainz veio após um dos desempenhos mais impactantes que já vi na vida. O espanhol foi cirúrgico em sua guiada, acelerou quando necessário e tirou o pé no final da corrida para oferecer o DRS a Lando Norris, que acabou segurando a dupla da Mercedes – tanto Hamilton quando Russell estavam bem mais rápidos que os dois.

A bandeirada em primeiro lugar foi a cereja de um bolo magnificamente doce. Sainz foi o mais rápido em praticamente todos os treinos livres do fim de semana e cravou a pole de maneira espetacular. Sabendo ter um carro talhado para uma pista travada como Marina Bay, ele via na corrida a grande – e talvez a única – chance de vencer em 2023. Max Verstappen e a Red Bull sabiam ter problemas, que Singapura reservava dificuldades para ambos, mas certamente não pensaram na dimensão dos problemas vindouros nestes três dias.

Com o melhor piloto e a melhor equipe fora do páreo, a disputa pela vitória estava absolutamente aberta. Marina Bay é uma pista de difícil ultrapassagem, estreita e com curvas muito fechadas, dando um peso enorme a posição de pista. Além disso, o tempo total perdido no box é de 28 segundos em média, o que torna a corrida mais desafiadora ainda para quem tem problemas no gerenciamento de pneus.

É o caso da Ferrari. Seu carro é um roedor de borracha. Porém, pelas características do circuito singapurano e o fato da corrida ser noturna, ela não sofreria tanto com esse problema. Sem sua principal fraqueza, o time de Maranello dá todos os indícios de que pode ser muito competitivo, como deu neste fim de semana. Fala-se em largar o atual projeto e fazer um carro do zero para 2024. Bom, se isso acontecer, tenho certeza que a mira da equipe está no desgaste de pneus e como encontrar soluções para tal problema. Caso encontre, habemus disputa boa na próxima temporada.

Pois bem, Sainz largou bem, manteve a dianteira e não teve a liderança ameaçada em momento algum até o final eletrizante. Veio o primeiro Safety Car com os detritos deixados na pista por Logan Sargeant e sua Wiliams baleada. Verstappen vinha logo atrás, mas com pneus duros já desgastados e mais preocupado em não ser escalado por um pelotão com o composto médio novinho em folha. Situação tranquila para o espanhol.

Tivemos novo SC na corrida, desta vez com o abandono melancólico de Esteban Ocon – o que essa Alpine quebra é uma barbaridade. Tanto Sainz quanto Leclerc não pararam, enquanto a Mercedes chamou Russell e Hamilton para o box. Com algumas voltas para o final e pneus médios zerados, as flechas negras viriam babando por uma dobradinha. Indícios não faltavam: Russell chegou a tirar 2s por volta na busca pelas primeiras posições. Tudo parecia encaminhado para uma festa mercedista em Singapura.

Parecia, pois o talento de Carlos Sainz falou mais alto. Ele não é um gênio em velocidade pura, não mete o pé no acelerador mais que os outros, mas compensa tudo isso na inteligência. Sabendo da importância de segurar Norris atrás, tirou o pé e deu ao britânico da McLaren a possibilidade de ativar o DRS na defesa deposição contra as duas Mercedes. Ambas chegaram nos dois primeiros, mas não conseguiram passar. Uma vitória conquistada com a cabeça, no cerebral, na leitura de corrida. Simplesmente fantástico.

Não é segredo algum que a Ferrari sempre enxergou seus pilotos de maneira diferente. É consenso apontar Leclerc como mais talentoso e veloz, enquanto Sainz é mais cerebral e cabeça fria. O monegasco é cria da casa e contou com uma dose a mais de boa vontade do time que o espanhol. Mas as coisas parecem mudar. Leclerc não faz uma boa temporada e provavelmente será superado por Sainz novamente – foi assim em 2021. Ou ele começa a mostrar serviço, ou será fritado como tantos outros ferraristas.

No mais, aplausos e elogios ao meu xará. ¡Bravo, Carlos!

 

Imagem: Scuderia Ferrari

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