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Automobilismo

Sebastian Vettel (2007 – ∞)

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Anteontem, trocando ideia com alguns amigos em grupos de WhatsApp, comentei o fato do dia em tom melancólico: Sebastian Vettel finalmente criou uma conta no Instagram. A minha tristeza era pelo simbolismo de tal ato. Ele nunca esteve presente nessa rede social por prezar pela discrição em sua vida privada. Vettel vai se aposentar no final da temporada, pensava eu.

Para minha surpresa – das mais tristes, óbvio – a coisa aconteceu mais rápido do que eu pensava. Acordei com a notificação do app da Fórmula 1 com a confirmação da aposentadoria de Vettel ao final da temporada. Ele mesmo fez o comunicado. Na bendita conta do Instagram criada recentemente.

As reações ao comunicado dizem tudo. Vettel era extremamente querido no paddock da F1, piloto respeitado, grande figura. Lewis Hamilton, seu contemporâneo e rival nas disputas pelos títulos de 2017 e 2018, não poupou elogios ao tetracampeão. Max Verstappen, tido como seu sucessor na Red Bull, também o congratulou por sua carreira absurdamente brilhante. Pilotos, equipes, jornalistas… Todo mundo ficou emocionado – e em certa medida consternado – ao saber da sua aposentadoria.

Aqui vai um depoimento pessoal: Vettel foi o mais próximo que tive de ídolo de infância na F1. Comecei a acompanhar assiduamente a categoria na temporada de 2010, naquela disputa insana entre ele e Mark Weber, bem como contra Fernando Alonso e Lewis Hamilton. Ele nunca liderou o campeonato e precisava de uma combinação de resultados um tanto difícil em Abu Dhabi. Pois bem, Vettel venceu, Alonso nunca saiu da traseira da Renault de Petrov e pintou o campeão mais jovem da história. Eu vi aquela corrida – minha torcida era por ele.

Os anos dourados na Red Bull proporcionaram verdadeiros espetáculos. Se em 2011 foi um mar de rosas com um domínio absurdo, Vettel teve que suar o macacão para garantir o tri em 2012. A decisão foi no Brasil, com direito a chuva em Interlagos. Logo na primeira volta, ele se envolveu em um incidente com Bruno Senna e caiu para último. O que se viu foi a genialidade de um piloto fantástico, que escalou o pelotão e chegou em quarto, garantido seu terceiro título mundial.

Em 2013, Vettel e seu potente RB9 formaram um dos melhores conjuntos carro-piloto da história. Não teve para ninguém. O tetracampeonato veio fácil, e de bandeja com um recorde jamais alcançando: nove vitórias seguidas. Uma marca impactante que demonstra o talento inconteste do tetracampeão, já consagrado e com seu nome garantido entre os maiores da história.

Aí veio a era híbrida, mudanças impactantes na F1, o surgimento da hegemonia assombrosa da Mercedes e de Lewis Hamilton. Vettel escolheu a Ferrari, equipe mais tradicional da categoria na qual o ídolo Michael Schumacher fez história. Esperávamos por mais títulos, corridas brilhantes e outros triunfos. Maranello parecia ser um local propício para tais façanhas.

Não foi. Ao menos na parte de novos títulos, ficamos com esse gosto amargo. Uma pena, pois a união de Sebastian Vettel com a Ferrari foi intensa e cheia de ótimos momentos. Mesmo com um final melancólico, ambas as partes lembrarão com carinho dos anos que passaram juntos. Se aquele erro no GP da Alemanha não tivesse acontecido, estaríamos falando de um pentacampeão. Ah, o danado do ‘’se’’…

Mas a vida é assim mesmo. Eu não queria ver Vettel encerrar a carreira agora. Talvez nem ele, na verdade. Só que ele é um homem de 35 anos, tem duas filhas, é um defensor da pauta ambientalista e quer tempo para ambas as coisas. Todos nós já vimos o Vettel piloto, tetracampeão, consagrado em seu esporte e com um legado incrível. Ele não precisa mais provar nada. Suas prioridades são outras a partir de agora. Que ele possa desfrutá-las com mais tempo.

A Aston Martin não entregou um carro competitivo para Vettel nas duas temporadas dele na equipe britânica. Qual a necessidade de continuar correndo sem a perspectiva de disputar títulos e andar no pelotão da frente? A molecada que lute. Eles têm muita coisa para provar em busca de um lugar ao sol. Vettel não. Ele poderia pegar o boné na hora que bem entendesse – e fez isso mesmo. Continuo triste pela despedida, mas feliz ao lembrar da sua trajetória na F1 e orgulhoso por ser seu fã.

Novo depoimento: já disse um bocado de vezes ser fã de Sebastian Vettel neste humilde artigo. Mas não chego aos pés de uma jornalista que, nas palavras dela, mata e morre pelo alemão. Nathalia de Vivo é uma pessoa admirável e comecei a acompanhá-la justamente por ela ser fã de Vettel. Fica aqui mais um agradecimento ao tetracampeão.

O esporte se torna algo incrível por pessoas e histórias assim. Por tudo isso, Sebastian Vettel jamais será esquecido. Foi um privilégio ter acompanhado a sua trajetória.

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