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Automobilismo

Os limites de pista são o calcanhar de Aquiles da F1

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O Grande Prêmio da Áustria provou uma coisa, e não, não foi que Max Verstappen e Red Bull estão dominando a temporada. O atual líder do campeonato chegou a sétima vitória no ano, quinta consecutiva. O que vimos ontem foi que os limites de pista, aquela famosa linha branca entre o asfalto e as zebras, são um problema para os pilotos e uma dor de cabeça ainda maior para a FIA.

Para a etapa disputada no Red Bull Ring, a federação disse que chegava preparada para policiar a linha branca, com mais câmeras e mais pessoas dedicadas a essa específica função. E já no primeiro dia a patrulha reforçada foi uma dor para muitos pilotos. Um deles, Sergio Pérez. O mexicano da Red Bull foi eliminado durante a classificação na sexta-feira durante o Q2, depois de ter três voltas deletadas por exceder a tal linha branca.

Ao todo durante a classificação tivemos 47 voltas deletadas por não respeitaram os limites nas curvas 6, 9 e 10, com a 10 sendo a que mais deu trabalho para os pilotos se manterem no asfalto. Mesmo Verstappen que foi o pole reclamou, frustrado com a situação depois do qualy.

“Quase pareceu que éramos amadores lá na pista pela quantidade de voltas deletadas. Chegaram a dizer “basta você ficar dentro das linhas brancas”. Se é tão fácil, pode pegar meu carro e tentar, mas você provavelmente não vai conseguir”, disse Max.

Verstappen durante a classificação – Imagem: Getty Images via Red Bull Content Pool

Durante a coletiva de imprensa após a classificação, os pilotos tentaram explicar porque em Spielberg é especialmente mais difícil se manter dentro do limite.

Esta pista, por causa do layout e da maneira como os pneus operam, eles superaquecem bastante durante a volta. É muito difícil”, comentou Verstappen.

Chales Leclerc (Ferrari) revelou que é muito difícil enxergar a linha branca de dentro do carro, principalmente na curva 10.

“A natureza da curva é que o carro fica mais leve no meio da curva porque tem essa queda na pista. Então, seja como for que o carro esteja posicionado ali, tem uma grande influência na saída e de onde estamos tão baixos no carro, não conseguimos ver nada. A câmera do capacete é muito representativa do que estamos vendo e não estamos vendo as linhas brancas”, revelou Charles.

E Carlos Sainz expressou que o maior problema com as voltas deletadas é a ineficiência da FIA.

“É uma pista muito particular. Curvas como a 1, a 4 e a 6 nas quais eu fui sinalizado [por passar do limite], onde existe um limite físico como a zebra e a brita e se você passa dois centímetros nessas curvas você perde tempo na volta, e ainda assim você é punido por limites de pista. Para mim não faz sentido, você não está ganhando vantagem passando do limite. E para mim o principal problema nessa classificação foi a demora da FIA em tomar uma decisão. Na minha segunda volta no Q2, eu passei do limite no curva 1 e a demora da decisão fez com que eu gastasse um novo jogo de pneus. E no final a volta não foi deletada. São tantos limites que a FIA não consegue acompanhar, e torna a nossa vida difícil dentro do carro”, expressou Sainz.

Mas a grande polêmica não foi na classificação e sim durante a corrida de domingo. Ou melhor depois da corrida. Mais de uma hora depois do fim do GP, a equipe Aston Martin enviou à FIA um protesto contra o resultado, o motivo? Pilotos não punidos por excederem os limites de pista.

O porque a equipe decidiu protestar fica claro quando você analisa a pontuação de Fernando Alonso e Sergio Pérez, concorrentes a vice-liderança, e também a diferença de pontos entre a Aston Martin e a Mercedes, a Aston está em terceiro e a Mercedes em segundo (aqui aliás caberia outra análise, sobre a falta de desempenho de Lance Stroll, que não vem ao caso no momento).

E verdade seja dita, quem acompanha a Fórmula 1 cotidianamente sabe que a FIA tende a não aceitar protestos das equipes contra erros dos comissários e da direção de prova. Mas dessa vez a federação teve que dar o braço a torcer e aceitar. E ainda explicou que as razões eram válidas, as provas apresentadas eram relevantes e que mesmo antes do protesto, os comissários já estavam trabalhando para analisar possíveis 1.200 infrações durante a corrida.

E cinco horas depois da disputa na pista ter terminado, veio a primeira bomba, 83 voltas foram deletadas. O documento oficial citava 18 dos 20 pilotos do grid, a salvo somente George Russell (Mercedes) e Zhou Guanyu (Alfa Romeo).

Três minutos depois, o golpe final, as punições por não infringirem os limites de pista. E fica aqui a ressalva que durante a corrida vários pilotos já haviam sido punidos e haviam pago suas punições. As 12 apresentadas horas depois, eram 12 novas punições, e nelas 8 pilotos eram citados. O recordista de punições foi Esteban Ocon. O francês da Alpine foi “presenteado” com 4 novas penalizações, acumulando 30 segundos a mais no seu tempo final de corrida.

A conta usada pelos comissários para tais penalizações foi de a cada quatro voltas deletadas, era aplicada uma punição de 5 segundos. Na quinta volta, 10 segundos. E por conta do alto número de infrações, depois disso tudo era zerado e uma “ficha limpa” era dada.

Confira a lista completa de pilotos penalizados:

Nº/Piloto Equipe Punição
55 – Carlos Sainz Ferrari 10 segundos
44 – Lewis Hamilton Mercedes 10 segundos
10 – Pierre Gasly Alpine 10 segundos
31 – Esteban Ocon Alpine 5 segundos
31 – Esteban Ocon Alpine 10 segundos
31 – Esteban Ocon Alpine 5 segundos
31 – Esteban Ocon Alpine 10 segundos
2 – Logan Sargeant Williams 10 segundos
21 – Nyck De Vries AlphaTauri 10 segundos
21 – Nyck De Vries AlphaTauri 5 segundos
22 – Yuki Tsunoda AlphaTauri 5 segundos

Depois que resultado oficial, com punições aplicadas foi anunciado, Christian Horner, chefe de equipe da Red Bull, chamou a situação de amadorismo.

Acho que isso precisa ser revisto, porque nos faz parecer um pouco amadores. Com tantos pilotos infringindo esses limites, para o próximo ano, pode haver um pouco de brita do outro lado da zebra, só precisa ser arrumado”, comentou Horner.

Classificação oficial do GP da Áustria – Imagem: FIA

E aqui fica a reflexão feita quase como uma previsão do futuro por Sainz na sexta-feira, com tantas câmeras e material humano, a FIA segue incapaz de processar infrações e determinar as penalizações, que podem alterar substancialmente o resultado de qualquer sessão ou corrida, em tempo hábil.

Se você concorda ou discorda das penalizações é outro tema, o fato é que a Fórmula 1 e as belas disputas que vimos neste último domingo, ficam mais uma vez manchados pela incapacidade do orgão regulador.

 

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