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Rally Clássicos

Uma viagem no tempo na quarta etapa do Rally clássico de São Paulo

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Qual é a primeiro coisa que vem na sua mente quando se fala de Rally? Lama, barro, deserto, pick-up? De fato é bem comum associarmos essa palavra a um tipo de categoria do automobilismo concentrada somente em provas off-road, o que de certa forma não é tão errado, já que esse tipo de cenário é predominante nesse tipo de categoria, mas há exceções.

No último sábado, 02 de setembro, acompanhamos ao vivo a 4ª etapa do Rally clássico de São Paulo, uma prova um pouco diferente do padrão. Um verdadeiro desfile de belíssimos carros clássicos, com pilotos e navegadores guiando seus carros pelo interior do estado de São Paulo em uma prova muito bem organizada e homologada pela FASP.

Além dos resultados da prova, vamos entender um pouco desta nostálgica categoria que leva uma parte da história automotiva de volta às ruas de diversas cidades do estado de São Paulo e com conta com o apoio da prefeitura da cidade. O destino deste etapa era o Dream Car Museum na cidade de São Roque.

Foto: Divulgação Rally histórico de São Paulo

 

Cadê a terra?

O que de fato poucos sabem, é que o tipo de Rally é definido mais pelas regras da prova do que pelo terreno em si, e sim, existem provas de Rally em pistas completamente asfaltadas.  Basicamente, os 3 tipos mais conhecidos de Rally são: Rally de Regularidade; Rally de velocidade e Rally Cross Country.

O Rally de regularidade, pode acontecer em vias públicas. Com toda segurança, a organização da prova sempre verifica o trajeto e impõe aos competidores velocidades abaixo da via, proporcionando também toda infraestrutura necessária para competidores.

Casos como o Rally clássico de São Paulo são raros, mas não impossíveis. A prova preserva o regulamento de regularidade, porém os competidores se deslocam somente em vias públicas asfaltadas. Dada a natureza dos carros clássicos, o principal desafio aqui é manter a regularidade com carros antigos, sujeitos a problemas mecânicos e com diversas limitações quando comparados aos carros modernos.

Para tornar a disputa mais justa, as categorias são divididas conforme o ano de fabricação dos veículos.

Foto: Divulgação Rally histórico de São Paulo

 

Regularidade, onde cada segundo conta

Os navegadores recebem uma planilha em papel com todo trajeto, que nessa etapa foi de aproximadamente 5hs.

A largada é realizada separando os carros com 1 min, e a partir daí a dupla tem horários precisos para passar por cada um dos vários pontos de controles, ou simplesmente PC, espalhados pelo trajeto.

O sistema de pontuação não deixa de provar o quanto a regularidade é levada a sério aqui, já que a cada 0,1s a dupla perde 1 ponto. Chegou 1 segundo adiantado ou atrasado no PC? Pode contar com 10 pontinhos a menos na sua prova.

Some a toda essa precisão, as limitações de potência, controle ou mesmo conforto dos carros antigos, e será possível ter uma ideia do que pilotos e navegadores passam a bordo em busca do pódio.

Mesmo sendo 100% em estradas pavimentadas, muitos dos carros competindo são baixos. Em estradas periféricas, de asfalto ruim e repletas de lombadas, Mustangs, Fuscas, Opalas, BMWs, Pumas, Mercedes, Pontiacs e muitos outros carros de rua encontraram um caminho só de ida para a oficina mais próxima.

Foto: Divulgação Rally histórico de São Paulo

 

Categoria PRO, onde competem os mestres

Aqui é onde encontramos a nata da prova. A definição do regulamento para esta categoria é:

PRÓ – veículos originais fabricados até 1993 (Veículos fabricados até 1998, serão avaliados pela Organização e poderão ser aceitos de acordo com seu valor Histórico).

Nesta categoria, é permitido que os veículos possuam o sistema de navegação integrado, o que garante uma precisão cirúrgica nas distâncias e velocidades. Este tipo de equipamento não pode ser utilizado nas outras categorias.

Claro que só o veículo não leva ninguém à vitória. Como em qualquer categoria de automobilismo, a vitória é sempre fruto de um grandioso esforço em equipe, aqui representada pelo piloto, o navegador e o veículo.

Foto: Divulgação Rally histórico de São Paulo

É a menor categoria da prova em número de participantes, e por razões óbvias é exatamente a mais disputada, principalmente pelos 2 primeiros colocados que disputam a liderança do próprio campeonato.

Dessa vez, a vitória ficou com a dupla Fernando Leibel / Adriano Braz à bordo do Ford Mustang Fastback, com impressionantes 380 pontos. Logo na sequencia, a dupla Fabio de Almeida Camargo Palma / Patricia Santoro Mirisola também fez bonito na prova, mantendo a disputa pela liderança do campeonato à bordo de sua BMW 540i. A disputa entre essas duas excepcionais duplas vai muito além dessa prova, e seguirá na próxima etapa do campeonato brasileiro e na última etapa do campeonato paulista.

Foto: Divulgação Rally histórico de São Paulo

Na P3 tivemos uma Mercedes SL 500, com a dupla Edson Luiz Rodrigues Dionizio / Gustavo Luiz Souza Dionizio.

 

Categoria Históricos, um pedaço da história sobre rodas

Uma das categorias mais impressionantes da prova é a de históricos. O regulamento é simples:

HISTÓRICOS – veículos originais fabricados até 1970 

Não é difícil de se imaginar o porque do grid desta categoria é o segundo menor. Pode parecer simples, mas conduzir um veículo dessa idade por tantas horas não é desafiador somente para o carro. Pilotos e navegadores levaram os “vovôs” da prova ao limite, muitas vezes sofrendo junto com os carros.

Foto: Divulgação Rally histórico de São Paulo

Desde os clássicos Opala e Fusca, passando por Porsche e Ford Mustang os carros dessa categoria são realmente desafiadores. O que não significa que mesmo com todas estas limitações técnicas seus pilotos não consigam fazer pontuações de fazer inveja aos mais novinhos, como foi o caso da dupla campeã, Filipe Botelho Lot / Rodrigo Macedo Azenha à bordo de um Fusca 1300 1968, que fez excelentes 1900 pontos.

Foto: Divulgação Rally histórico de São Paulo

Na P2 tivemos outro fusca, aqui da dupla Thiago Mella / Huber Mastelari. A dupla Renan Bueno Ferraciolli / Wagner Brandão dos Santos fechou o top 3 dessa nostálgica categoria.

 

A categoria com alguns dos modelos mais emblemáticos, os Super colecionáveis

Uma categoria que pode encher os olhos de muito marmanjo de lágrimas. Conforme o regulamento:

SUPER  COLECIONÁVEIS  –  veículos  originais  fabricados  entre  1971  até  1980 

Foto: Divulgação Rally histórico de São Paulo

Se você tem pouco mais de 40 anos, é nessa categoria que muito provavelmente você irá encontrar seu sonho de infância. Afinal, o lendário Opala também está aqui, e não faltaram opções do modelo na prova.

Que tal um Gurgel? Ou quem sabe um Camaro? Ou será que sua paixão é pelo gracioso Fusca? Sem problemas, era só dar uma olhada no grid.

Foto: Divulgação Rally histórico de São Paulo

E se você e daqueles que suspirava ao ver uma Puma, então ficará feliz com o desempenho da dupla Antonio Marcucci / Ana Claudia Assunção à bordo de sua Puma GTS. A dupla campeã fez incríveis 473 pontos, pontuação digna da categoria PRO. Você não gosta de Puma? Prefere um Charger? Então o Dodge Charger RT da dupla Cristiano A. Oliveira / Luiz Durval Brenelli de Paiva que ficou na P2 com certeza chamará sua atenção. Fechando o grid, tivemos a dupla Alex Roberto Silva de Almeida / Alvaro Lacerda Prado Almeida na P3 com seu Ford Galaxie 500.

 

 

Parece que foi ontem, mas esse já estão na categoria de clássicos

Na categoria de clássicos é onde chegam os carros que acabaram de ganhar sua placa preta, veículos com mais de 30 anos que fizeram a cabeça de muita gente anos atrás.

CLÁSSICOS – veículos originais fabricados entre 1981 até 1993 

Todos nós já vimos uma Volkswagen Quantum na rua. Mas aqui, a dupla Geyson Bruno Giglio Silva / Margarete da Costa Lemos levou esse clássico à vitória, em uma excelente prova.

Foto: Divulgação Rally histórico de São Paulo

Se o segundo colocado pode até ficado um pouquinho atrás em pontos, mas não em estilo, já que o Kadett GSI conversível da dupla Gerson Borini / Antonio Nunes Junior atraia olhares por onde passava. Fechando as 3 primeiras posições da categoria, a dupla Guilherme Pires Vieira / Alberto Lanzoni Neto à borde de uma clássica BMW 325i.

Foto: Divulgação Rally histórico de São Paulo

 

Futuros clássicos, onde todos podem competir

E finalmente chegamos na categoria onde são permitidos os veículos com menos de 30 anos, mas há restrições segundo o regulamento:

FUTUROS CLÁSSICOS –  veículos originais fabricados a partir de 1994.  Esportivos, conversíveis, veículos de baixa produção, série limitada ou edição especial que a critério da organização serão elegíveis ou não. 

Todavia, há uma diferença em relação as demais categorias. Visando um maior número de competidores no grid, os organizadores optaram por uma maior liberdade em relação ao regulamento, permitindo que basicamente qualquer veículo com menos de 30 anos entrasse na prova, mesmo sem seguir as restrições previstas (esportivos, conversíveis e série especial). A decisão permitiu de fato um maior número de carros no grid, abrindo as portas da categoria e tornando-a muito mais acessível aos novatos.

O campeão da categoria, uma Mitsubish L200 2023 entrou exatamente nesta exceção ao regulamento. Enquanto os demais clássicos sofriam para transpor lombadas e obstáculos, a L200 da experiente dupla do Rally Mitsubishi Ernesto Masamitsu Kabashima / Maidy Chaim  passava com tranquilidade pelos obstáculos, faturando não apenas a vitória da categoria, como também tendo sido o veículo com a menor pontuação de todo Rally, inclusive se comparada à categoria PRO, onde os carros possuem equipamento integrado.

Foto: Divulgação Rally histórico de São Paulo

Da P2 em diante os antigos (calma, ainda não são clássicos) começaram a aparecer. A segunda posição ficou com a dupla Laercio Barquetta de Araujo / Carolina Barquetta de Araujo a bordo do Ford Mustang 1994 (último ano deste carro nesta categoria), seguidos de perto pela dupla Hamza El Moumen / Silvio Luiz Esmeraldo Junior à bordo da bela Mercedes-Benz SL 500 na P3.

Foto: Divulgação Rally histórico de São Paulo

A seguir os resultados da categoria:

 

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