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Fórmula 1

Segunda Bandeirada #41: Sobre Gabriel Bortoleto na Fórmula 1

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Foto: Dutch Photo Agency | KTF Sports

O ano de 2025 na Fórmula 1 é recheado de muita expectativa para os fãs brasileiros. Depois de anos sem um piloto brasileiro no grid, um representante tupiniquim estará entre os vinte privilegiados – sim, o termo é esse mesmo – que ocupam um assento na categoria mais popular do automobilismo mundial. 

Gabriel Bortoleto será piloto da Sauber. Após vencer a Fórmula 2, ele se credenciou para estar no grid e fez a equipe suíça – que será Audi a partir de 2026 – abrir os cofres e tirá-lo da McLaren. No time papaia, Bortoleto teria uma chance próxima de zero, pois Lando Norris e Oscar Piastri também são jovens e mais talentosos – estou falando do momento presente. Conseguir logo uma vaga evitou uma espera ad infinitum, como no caso de Felipe Drugovich – embora os verdadeiros motivos pela sua eterna condição de reserva na Aston Martin sejam outros. 

Pois bem, aqui vai uma digressão necessária: a análise feita neste artigo não contém nenhum pachequismo. Ter um piloto brasileiro no grid não me faz ter obrigação alguma de torcer por ele, afinal, sou jornalista, não animador de torcida. Quando Bortoleto errar – e vai errar, pois é um estreante numa categoria que exige resultados o tempo inteiro – ou andar mal, tenho o dever profissional de retratar a realidade. ‘’Ah, mas os fãs…’’. Pouco me importam.  

Bortoleto guiará pela Sauber. A equipe amargou a ingrata última posição no mundial de construtores da temporada passada, marcando míseros quatro pontos – os de Zhou Guanyu, que saiu do time suíço e foi ser piloto reserva da Ferrari. As perspectivas para esta temporada não são diferentes e é quase certo que a escuderia continue nas últimas colocações. Isso certamente será desafiador para um piloto que precisa andar bem em sua estreia, pois um carro ruim não o permite andar com a faca entre os dentes. 

O seu companheiro será Nico Hulkenberg. Em 11 temporadas na F1, o alemão de 37 anos foi superado pelo colega de equipe em quatro: Rubens Barrichello (2010 na Williams), Sergio Pérez (2015 e 2016 na Force India) e Daniel Ricciardo (2019 na Renault). É reconhecido como um piloto rápido, constante e que entrega pontos preciosos para as suas equipes, mesmo com a pecha de ter sido menos do que prometeu nas categorias de base e no começo na própria F1. Em suma, é um piloto experiente e que o ajudará nesse começo, mas não será uma barbada. 

Em suma, Bortoleto terá um carro ruim e um companheiro de equipe carne de pescoço. São duas adversidades nada desprezíveis. 

O que ele precisa fazer? Para começo de conversa, não estampar o carro no muro. Franco Colapinto entregou pontos e boa performance na Williams, teria vaga como piloto titular nesta temporada, mas as equipes interessadas perderam o encanto pelo fato do argentino tanto bater . Bortoleto vai errar e bater em alguma vez, pois tentará andar além do carro – coisa normal para um rookie. Mas sem exagero. 

Depois disso, tentar andar próximo de Hulkenberg. O mínimo é ficar no mesmo segundo, procurar diminuir os décimos e quem sabe até superar o experiente alemão. Embora seja um piloto talentoso e capaz de fazer bonito, não espero de Bortoleto uma estreia com pontos ou coisa do tipo – ele próprio não precisa criar tal expectativa. Se o jovem piloto não conseguir derrotar seu companheiro de equipe, sua carreira não estará condenada. Basta seguir os dois caminhos supracitados. 

Comparo a situação de Bortoleto com pilotos que venceram a F2 em suas respectivas estreias e logo depois conseguiram assento na F1. Leclerc fez um bom campeonato na Alfa Romeo, suficiente para a Ferrari colocá-lo num dos seus dois assentos. Russell penou por três anos na Williams, mas mostrou desempenho que justificasse a promoção para a Mercedes. Piastri começou melhor que todo mundo ao ser contratado pela McLaren e não decepcionou. 

Ambos têm suas singularidades e biografias diferentes. Bortoleto é Bortoleto, não Leclerc, Russell, Piastri ou mesmo Senna – como alguns precoces já disseram. Espero dele um bom ano, resultados aceitáveis e quem sabe pontos. Algo além disso é fantasia e não se pode trabalhar com ela na F1. É um piloto dono de um inegável potencial, e o que vai acontecer depois depende dele. Bortoleto é o arquiteto do seu próprio destino. E por isso mesmo antevejo coisas boas. 

 

Foto: Divulgação

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