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Fórmula 1

Segunda Bandeirada #10: Dá para confiar na Mercedes?

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Não é surpresa para ninguém que a Mercedes planeja algo totalmente novo para 2024. Depois de inovar no primeiro ano de regulamento com o conceito de zeropod – e comer uma poeira enorme de Red Bull e Ferrari – e mantê-lo para 2023, as flechas prateadas abandonarão o sidepod zero para convergir em algo mais próximo da RBR, a equipe dominante no atual regulamento.

Além disso, outras mudanças serão realizadas no W15, do assoalho até o cockpit, passando pela caixa de câmbio e a suspensão. Em suma, será um carro praticamente novo. Se continuar com o conceito anterior não traria perspectivas de retorno aos dias de glória nem tão distantes, projetar um carro quase do zero também traz seus riscos, pois enquanto as outras equipes vão explorar um terceiro ano de regulamento, a Mercedes vai para a primeira temporada com uma máquina nova que constitui uma verdadeira incógnita.

Ainda assim, o time alemão tomou a decisão correta. Não há mais tempo a perder em Brackley. Para além do óbvio incômodo com a hegemonia da Red Bull, existem dois fatores que explicam as mudanças radicais na equipe – até mesmo no corpo técnico – na ânsia de voltar a vencer.

Primeiro: Lewis Hamilton não virará pedra na Fórmula 1 e sua aposentadoria parece bem próxima. Tanto é assim que a Mercedes renovou com o heptacampeão por dois – ao passo que ele queria mais tempo. Depois de tantas temporadas vencendo, empilhando títulos, quebrando recordes e estando no topo da categoria, Hamilton almeja voltar ao sucesso outrora corriqueiro. E não há muito tempo para isso. Se o britânico ainda pode disputar o título novamente, isso depende única e exclusivamente da Mercedes em entregar um carro competitivo para tal, pois ele não dá o menor sinal de declínio técnico ou físico em sua pilotagem.

Segundo: o atual regulamento tem validade por mais duas temporadas, pois em 2026 a F1 passará por uma verdadeira revolução – carros completamente diferentes, mudanças aerodinâmicas e até mesmo no combustível utilizado na categoria. Ninguém sabe o que acontecerá depois disso, qual equipe largará na frente ou quem ficará para trás. Portanto, a hora de arriscar mais em um caminho já conhecido é agora. Conforme o regulamento vai se cristalizando, as equipes andam mais próximas umas das outras. É nisso também que a Mercedes aposta. Ela não sabe o que será de 2026 em diante, então está no momento certo de apostar alto em um carro completamente novo.

As coisas caminham por aí. Agora vem a dúvida cruel: a Mercedes é capaz de deixar para trás as últimas duas temporadas sofríveis e entregar um carro competitivo a brigar pelo título? Bom, até o Grande Prêmio do Bahrein, tudo é mera especulação. Não dá para afirmar nada com absoluta certeza antes dos carros entrarem na pista e mostrarem do que são capazes.

O time alemão tem um corpo técnico muito qualificado. Afinal, ninguém estabelece uma hegemonia como a Mercedes estabeleceu de 2014 a 2020 se não for uma equipe altamente capacitada. Porém, mudanças na ordem do grid em um mesmo regulamento são raríssimas. Quem começa bem dificilmente perde a dianteira. A própria Mercedes começou muito a frente das demais equipes no início da era híbrida e empilhou títulos até a Red Bull destroná-la em 2021 – algo que só foi possível com a mudança no corte dos assoalhos para aquela temporada. A Red Bull dominou a F1 com o regulamento de 2009 após a saída da Brawn GP da categoria, não sendo ameaçada por ninguém naquelas temporadas – exceto em 2010 e 2012, mais pelo talento de Fernando Alonso que por um primor de trabalho da Ferrari.

Então a coisa é mais ou menos assim: a Mercedes terá uma máquina melhor para 2024. O W15 conta com mudanças que certamente o farão mais rápido e eficiente que os antecessores W13 e W14. Quem sabe as flechas prateadas briguem por vitórias nessa temporada. Daí a falar em briga por título são outros quinhentos. O próprio Toto Wolff tratou de frear qualquer expectativa de lutar com a Red Bull e Max Verstappen – o conjunto hegemônico dos últimos campeonatos.

Surpresas podem acontecer, a F1 não é um jogo de cartas marcadas. Mas a tendência é essa. Dá para confiar na Mercedes? Depende do que se espera do time alemão.

 

Foto: Mercedes AMG F1

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