Que Latifi seja feliz – e a Williams grande outra vez

A Williams confirmou o que todo mundo já sabia – e no fundo esperava. Nicholas Latifi não fará parte da equipe a partir da próxima temporada. A equipe ainda não anunciou seu substituto, mas a vaga provavelmente ficará entre Nyck de Vries e Logan Sargeant.

Era pedra cantada. Latifi não mostrou evolução alguma desde a estreia na Fórmula 1. Se é verdade que guiou um dos carros mais fracos do grid, também tomou tempo dos companheiros com a mesmíssima Williams em mãos. George Russell e Alexander Albon mostraram que o simpático canadense não tem nível para continuar na categoria.

Não vou execrá-lo por isso. Quem teve a curiosidade – como eu tive – de assistir o onboard de alguma volta sua viu um piloto sem confiança, extremamente cauteloso e incapaz de arriscar uma freada mais para dentro das curvas. Décimos ou centésimos importantes vão embora aí. A F1 exige de seus pilotos a capacidade de andar no limite, com a faca entre os dentes e levando o carro ao extremo das suas potencialidades. A falta dessa habilidade é meio caminho andado para o insucesso, e eis o caso de Nicholas Latifi.

Ele não é um bagre, barbeiro da pior espécie ou coisa do tipo. Latifi teve lá os seus momentos interessantes na F1. Marcou pontos no GP da Hungria em 2021, liderou uma sessão de treino livre na própria Hungria em 2022 e chegou ao Q3 no qualy do GP do Reino Unido desse ano. Tudo isso guiando as carroças FW43B e FW44 da Williams. Nada de encher os olhos, mas são menções honrosas para um piloto tão criticado como ele.

A F1 é o sonho dourado de qualquer piloto, mas o automobilismo vai muito além dela. Latifi ouviu muita crítica, foi ridicularizado pelo público e ainda sofreu ameaças de morte após o GP de Abu Dhabi de 2021 – ao bater na volta 52, ele mudou o destino da corrida e ‘’tirou’’ o octacampeonato de Lewis Hamilton. Não é exagero dizer que o sonho virou pesadelo, e respirar novos ares será bom para o simpático canadense.

Quem sabe uma Indy ou um DTM não possam cair bem para ele? Mais do que títulos, reconhecimento, champanhe ou fotos com belas garotas, o importante mesmo é ser feliz – não importa o local. Latifi tem condições de andar bem em outra categoria e poderá fazer isso.

Para a Williams, surge a possibilidade de trazer um piloto melhor. Nyck de Vries é a bola da vez. Holandês, 27 anos, campeão da F2 em 2020 e da FE em 2021. Atualmente é piloto reserva da Mercedes, mas a escuderia alemã não oferecerá a menor resistência caso a Williams queira contar com os seus serviços para a próxima temporada. Muito pelo contrário: ela sabe que não tem a menor chance de colocá-lo em um de seus assentos. Como a Williams é equipe cliente da Mercedes, a negociação fica bem mais fácil.

O próprio de Vries já guiou pela Williams na atual temporada. Ao substituir Albon no GP da Itália, ele colocou a escuderia britânica no Q2 do treino classificatório e terminou em um honroso nono lugar. Ou seja, já chegou mostrando serviço e entregando resultado para a firma. Deixou uma excelente impressão em uma equipe cotada como um dos seus possíveis destinos em 2023.

Caso de Vries consiga outro assento melhor ou algo do tipo, a Williams tem uma opção caseira: Logan Sargeant. Americano, 21 anos, corre pela Carlin na F2 e é da academia da Williams. Venceu duas corridas na atual temporada e é o terceiro colocado no campeonato vencido por Felipe Drugovich. Não vejo Sargeant preparado para a F1, mas nunca se sabe. Vai que ele assume a vaga e começa a ter um bom desempenho. Essas coisas podem acontecer.

Enfim, espero ver a Williams no topo novamente. Quem ama o automobilismo e gosta da F1 tem um carinho por essa escuderia tão tradicional fundada por uma lenda desse esporte como Frank Williams. A equipe mudou de dono, projeta novos tempos e espera o retorno dos dias gloriosos. Que assim seja. A Williams de Nelson Piquet, Alain Prost, Nigel Mansell e Damon Hill encantou os apaixonados pelo esporte a motor. Pois que volte ao pelotão da frente, então.

E, claro, que Nicholas Latifi seja feliz no destino e na categoria que escolher. Presenciar uma volta por cima sua seria um momento bonito para os verdadeiros amantes do automobilismo. Torço por isso.