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Fórmula 1

Os (nada) novos problemas da Alpine

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O mundo da Fórmula 1 foi chacoalhado pela Alpine por dois motivos: a dança de cadeiras na chefia do time francês e a possível ajuda da FIA no aumento de potência do motor Renault.

São fatos distintos, mas reveladores de uma realidade inequívoca. A Alpine é uma equipe que promete muito desde o seu retorno à F1 em 2018 ainda com o nome Renault, mas entregou quase nada até aqui. Ou mesmo nada.

Digo isso porque o nome Renault é impactante. Vai muito além do automobilismo por motivos óbvios, claro. Na F1, dois títulos mundiais de pilotos com Fernando Alonso e outros dois de construtores – ambos em 2005 e 2006. Se colocarmos as glórias da antecessora Benetton com Michael Schumacher e as conquistadas como fornecedora de motor, a Renault é uma das marcas mais vitoriosas da história deste esporte. Não se pode esperar pouco dela.

Vamos por partes. No primeiro caso, a Alpine decidiu demitir chefe de equipe e diretor esportivo, além da saída do próprio CEO. Otmar Szafnauer, Alan Permane e Laurent Rossi foram os nomes fritados da vez. Uma mudança tão drástica em nomes tão importantes no meio da temporada mostra uma equipe vacilante, sem convicção no que quer e com muitas arestas a aparar. Duvido muito que o problema do time francês passe por qualquer um desses nomes.

A segunda parte diz respeito ao motor Renault e uma possível ajuda da FIA para compensar a defasagem do mesmo. Ora, desde o começo da era híbrida que essa história se repete. A montadora francesa fornecia motor para a Red Bull e formava uma parceria imbatível nos últimos anos dos aspirados, era de longe o melhor motor do grid. Começa a era dos turbos híbridos e os franceses nunca entregaram um bom equipamento – a RBR sofreu com quebras e performance muito abaixo de Mercedes e Ferrari. A McLaren usou motor Renault de 2018 a 2020, sem chegar muito longe também.

Se a Renault não fez um bom trabalho com sua unidade de potência, que espere até 2026. É o ano que marca a mudança de regulamento dos motores. As outras equipes não podem pagar o pato. Seja a FIA liberando potência extra para a Alpine, seja limitando as dos outros times, é um caminho ruim para a categoria – seria premiar quem fez um trabalho ruim e punir quem fez o oposto. Toto Wolff, chefe da Mercedes, já deixou sua clara a sua oposição a tal medida. E ele está certo em sua atitude.

Tudo isso expõe um fato incontornável: o tal projeto da Alpine é, na melhor das hipóteses, uma grande incógnita. A sensação é que a equipe não sabe o que quer e voltou para a F1 apenas para fazer mera figuração. Como uma equipe de fábrica obteve resultados tão pífios em cinco temporadas e não dá o menor sinal de evoluir para dar um salto de performance?

Algumas coisas ajudam a explicar. Um deles é o investimento historicamente modesto da Renault na F1. Só para se ter uma ideia: o orçamento da equipe foi 60% menor que o da Mercedes em 2018, campeã de pilotos e construtores naquela temporada. Alcançar o topo na categoria sem abrir os cofres é praticamente impossível. A Brawn de 2009 foi uma exceção que dificilmente acontecerá novamente. Todos sabem disso, menos o time francês. Aparentemente.

Além de boa estrutura e investimentos pesados, toda equipe necessita de pilotos de ponta para alcançar o topo. Você olha para a dupla formada por Esteban Ocon e Pierre Gasly e pensa: é com eles que a Alpine almeja disputar algo? São dois bons pilotos, Ocon até ganhou corrida com o time francês, mas nada além disso. Em um grid com gênios como Lewis Hamilton, Max Verstappen e Fernando Alonso, a comparação fica ainda pior. A dupla francesa agrada aos torcedores e à equipe, mas é aquém do nível dos anteriormente citados.

Em suma, o tal projeto da Alpine na F1 não deslancha e constitui uma dúvida perene. Pouco investimento, muitas mudanças em posições importantes e pilotos abaixo do necessário para o topo formam a equação com resultados já conhecidos. Fiz um texto sobre a situação do time francês ano passado, e do jeito que as coisas caminharam, não mudo uma vírgula sequer.

Foto: Reprodução/ Trivela/ Icon Sport

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