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Automobilismo

O último ato resumiu a temporada

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A temporada de 2022 acabou. Ao contrário da opinião consensual, não foi chata ou entediante. Se a disputa pelo campeonato sempre atrai maiores intenções, a briga de equipes e pilotos no meio do pelotão também traz bons capítulos. E este último ato no Grande Prêmio de Abu Dhabi resumiu bem tais capítulos.

O campeonato vencido brilhantemente por Max Verstappen foi a prova de que o holandês está em outra prateleira. Ele começou a temporada com dois abandonos – no Bahrein e na Austrália. A confiabilidade da Red Bull estava em xeque. Mas ela fez um carro bem nascido, e ao solucionar o calcanhar de Aquiles inicial, seria questão de tempo para Verstappen voltar a brigar pelo título.

Não deu outra. Verstappen conquistou o bicampeonato com uma facilidade incrível. Bateu o recorde de mais vitórias na mesma temporada. Foi um domínio avassalador, e uma amostra disso foi vista em Abu Dhabi. Ele fez a pole, largou bem e controlou totalmente a corrida. Venceu de ponta a ponta sem ser incomodado. Foi a décima quinta vitória em 2022, a de número 36 na carreira. O próximo a ser alcançado nesse ranking é Ayrton Senna. Passar o nosso eterno tricampeão será mais um feito impressionante.

O vice-campeão foi Charles Leclerc. Para essa reta final, em que a Ferrari decaiu e chegou a ser a terceira força do grid, foi um bom resultado. Tanto é que o seu adversário nessa briga, Sérgio Perez, fez uma parada a mais e quase ultrapassou o monegasco. Mas é pouco para quem viu um começo de temporada com a Ferrari apresentando o melhor carro disparado. Muito pouco. Se o próprio Leclerc cometeu seus deslizes durante o ano, a equipe falhou bem mais com ele. Um início muito promissor e um final absolutamente decepcionante.

E o heptacampeão Lewis Hamilton? Pois bem, ele encerra a temporada sem vitória ou pole position, fato inédito em sua trajetória. Tanto Hamilton quanto o seu companheiro George Russell sofreram com um carro abaixo do esperado entregue pela Mercedes. O W13 nem de longe foi páreo para o RB18 e o F1-75. Após uma disputa com Carlos Sainz, ele saiu da pista e danificou o assoalho do carro, fato importantíssimo para compreender o abandono no final. Uma temporada difícil para quem se acostumou com o topo.

Tivemos algumas histórias interessantes nessa temporada. Lando Norris, que terminou a corrida com um honroso P6, fez um bom campeonato – diria até ótimo pelas possibilidades limitadas que a McLaren oferece. Esteban Ocon ganhou a briga interna na Alpine com o companheiro Fernando Alonso, porém, foi um resultado bem contestável com as quebras constantes do bicampeão. Yuki Tsunoda ficou em P11 em uma temporada bastante irregular, bem como a da sua equipe – a AlphaTauri terminou em nono no mundial de construtores.

Se a Liberty queria maior equilíbrio no meio do pelotão, ela conseguiu. O resto virá com o tempo. Podemos sim ter uma disputa alucinante de título em 2023.

Mas o GP de Abu Dhabi teve como protagonista um piloto que não estará no grid em 2023. Sebastian Vettel fez a última corrida na carreira, em uma despedida muito emocionante. Foi no lugar em que ele conquistou o seu primeiro título mundial. Em 2010, eu tinha 11 anos e começava a acompanhar a F1, e advinha para quem era a minha torcida? Ele mesmo, Vettel. Ao tetracampeão, terceiro maior vencedor da história, grande ser humano e meu ídolo de infância, só tenho a agradecer. Ao fazer mais uma boa corrida e terminar nos pontos com uma Aston Martin bem meia boca, ele só prova que a aposentadoria é uma opção, pois ainda teria muita lenha para queimar. Ficam as lembranças, as grandes conquistas e os momentos dourados. Obrigado, Vettel.

Daniel Ricciardo, Mick Schumacher e Nicholas Latifi também se despedem da F1. Dos três, só o segundo tem alguma chance real de voltar ao grid no futuro. Mick é um piloto talentoso, mas foi colocado em uma equipe cujo chefe fez o favor de fritá-lo publicamente. Aí não dá. Ricciardo termina melancolicamente a sua trajetória como piloto titular, pois dificilmente volta após ir para a reserva na Red Bull. Latifi deixa a F1 sem deixar saudades – que seja feliz em outra categoria, ele não é esse bagre que tentam pintar.

Que venha 2023. Novas histórias, disputas e capítulos do melhor esporte do planeta.

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