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Automobilismo

Há dois anos, a sétima taça de uma lenda

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A Fórmula 1 é uma categoria de difícil acesso, cheio de pressão, com suas histórias trágicas do passado e seus dramas do presente. Além, é claro, da incompreensão dos leigos – o automobilismo não é o esporte mais fácil de se entender. Em suma, é barra pesada.

Mas essa mesma categoria recheada de pontos nada positivos é apaixonante, assistida pelo mundo inteiro e têm os belos capítulos. Quem torce para determinada equipe ou piloto sabe do que estou falando. A espera pela corrida, a ansiedade para chegar uma race week e o purgatório das férias da F1 são sensações conhecidas pelos fãs – inclusive eu.

Pois não é que o piloto mais vencedor da história representa o exato oposto do lado pesado da F1? Sir Lewis Hamilton é simpatia pura, cativante e um dos melhores exemplos de como se pode encarar desafios sem perder a leveza de viver. Há exatos dois anos, ele se tornou o maior campeão da categoria ao lado de Michael Schumacher.

Em um 15 de novembro como hoje, Hamilton largava no Grande Prêmio da Turquia com uma possibilidade real de conquistar o sétimo título mundial em sua vitoriosa carreira. Mas o final de semana não começou bem: um qualy caótico debaixo de chuva e um modesto sexto tempo. As condições no domingo não eram diferentes e a pista estava encharcada. Na frente de Lewis, cinco carros. Uma pole surpreendente de Lance Stroll com o carro rosa da finada Racing Point. Uma vitória de Hamilton parecia praticamente improvável.

Para quem não lembra – ou não acompanhava a F1 – da temporada de 2020, a Mercedes sobrou em relação aos demais times. Hamilton não deu a menor chance para a concorrência, e com um imparável W11 em mãos, guiou como nunca. A Red Bull tinha um carro competitivo em mãos, a Racing Point surpreendeu como a icônica Mercedes Rosa e AlphaTauri sentiu o gostinho doce de subir no alto do pódio. Todas elas venceram alguma vez no campeonato marcado pela pandemia da COVID-19, o vírus que destruiu vidas e alterou as que ficaram.

Voltando ao GP da Turquia, teve-se uma largada caótica com Daniel Ricciardo – então na Renault – e Valtteri Bottas – então na Mercedes – rodando logo na primeira curva. Max Verstappen também não conseguiu manter o carro na pista e foi parar fora do traçado. Até mesmo Lewis Hamilton deu uma voltinha na parte externa do circuito. Estava praticamente impossível dirigir sob tais condições.

Até que a pista foi secando e todos os pilotos trocaram o pneu wet para o intermediário. Era uma possibilidade de animar a corrida. Charles Leclerc colocou novos intermediários em uma segunda parada e começou a fazer voltas mais rápidas. Percebendo isso, praticamente todo mundo começou a fazer o mesmo. Uma das exceções? Lewis Hamilton.

Ele falou com a equipe e expressou o desejo de não parar novamente. Os novos intermediários tinham um bom desempenho nas primeiras voltas, mas desgastavam rápido demais logo em seguida. Por essas e outras que Hamilton é o piloto mais cerebral que tive o prazer de acompanhar. Ele conhece os caminhos, usa a sua genialidade para lidar com as situações mais adversas possíveis.

Dito e feito: Hamilton começou a tirar a diferença para o líder Sérgio Perez e ultrapassou o piloto da Racing Point para assumir a dianteira da corrida faltando 21 voltas para o final. Depois disso, foi administrar o ritmo e comemorar o heptacampeonato. Sete títulos mundiais. É uma marca impactante.

Quem imaginava isso? Ele foi campeão muito jovem pela McLaren, mas não conseguia nem chegar perto de repetir a façanha nos anos seguintes. Até que a Mercedes ofereceu um projeto promissor, e convencido por Niki Lauda, ele topou mudar de equipe. Saiu do time que o acolheu e que bancou a sua chegada à F1. Teve muita coragem para fazer isso. O resto é história.

A carreira de Hamilton é isso mesmo: conquistar o que parecia impossível. Tantos pilotos e equipes tentaram acabar com a sua hegemonia, mas ele venceu um por um com a categoria de sempre. Ano após ano, decretavam o fim dessa era vitoriosa. Quebravam a cara. Hamilton marcou seu nome como um dos maiores de todos os tempos e não é nada absurdo considerá-lo o maior. Uma biografia merecedora de todos os predicados possíveis.

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