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Luta

A redenção do Deus do Futebol: Patric, agora é o seu momento

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Ele nunca foi unanimidade para a torcida alvinegra. Pelo contrário,
sempre foi um dos mais criticados. Mas ainda assim havia conquistado o coração
de parte da massa que nunca deixou de apoiá-lo. Eu me encontro no meio desses. E
a minha explicação para tal postura é que vejo em Patric o que eu realmente entendo
que nunca deveria faltar a qualquer um que tivesse o prazer de vestir esse
manto. Entrega, foco, determinação e disposição para, até nos momentos mais
complicados, não abaixar a cabeça e buscar sempre o melhor para o clube.

Foto: Bruno Cantini/Atlético.
Patric Cabral Lalau. Catarinense. Uma história de vida difícil.
Sempre muito humilde, sempre muito profissional. Chegou ao Atlético em dezembro
de 2010, em negociação junto ao Benfica, de Portugal. Com passagens por
seleções de base, chegou para ser o dono da posição, mas sempre conviveu com
altos e baixos.

Em seu primeiro ano de Galo, a primeira polêmica. Em partida
contra o Corinthians, não gostou de ser substituído pelo então técnico Cuca e
acabou sendo afastado da equipe. A partir daí, começou a rodar emprestado por
diversos clubes: Ponte Preta, Avaí, Náutico, Coritiba e Sport.

Em 2015 voltou ao Galo e se envolveu em outra polêmica. Com o
contrato quase no fim, assinou um pré-contrato com o Osmanlispor, da Turquia. Ficou
treinando separado por 2 meses e via sua passagem por Minas acabando de forma
negativa. Mas depois de acerto com a diretoria, renovou seu contrato por mais 4
anos e voltou a ser relacionado junto com o grupo principal.

Polivalente, voluntarioso. Patric nadou de braçadas no time
titular de 2016 de Diego Aguirre. Chegou a atuar como ponta esquerda na
Libertadores. Não tem uma qualidade técnica de dar inveja a muitos, mas a
entrega nunca faltou. A torcida se incomodava em ver a improvisação de um lateral
na linha de frente, e Patric foi ganhando perseguidores em meio a massa
alvinegra. Emprestado mais uma vez, agora ao Vitoria, Patric ficou o ano de
2017 no rubro negro baiano até voltar em definitivo para o Galo depois da saída
de Marcos Rocha para o Palmeiras.

Bastante contestado, ele nunca fugiu de nenhuma partida. Ouviu
muitas vaias. Críticas jogo após jogo, e sempre estava lá, desempenhando o
melhor que podia. Apesar de um drama familiar que vive, nunca usou isso para
fazer corpo mole em campo. Dominic, seu filhinho de 3 anos, nasceu com
hemimelia tibial, uma doença rara que causou a má formação da criança, ainda no
ventre. Em 2018, teve que fazer a amputação da perna direita, para com uso de
uma prótese, conseguir andar.

Patric e seu filho, Dominic.
Foto: Bruno Cantini/Atlético.
Ganhou a admiração de muitos torcedores por sua postura em
campo apesar dos problemas vividos em casa, mas faltava uma boa sequência de
jogos para que a torcida abraçasse de vez o jogador. Começou a atual temporada
como titular, mas aos poucos foi perdendo espaço para o novato Guga, que chegou
depois de grande passagem pelo Avaí. Naturalmente Patric foi deixando o time. A
joia de 20 anos e com potencial de seleção crescia a cada jogo. Só que Deustric
(apelido carinhoso que alguns fãs deram a ele), nunca desanimou e trabalhou
para ter sua chance novamente. E ela veio. Mas em outra lateral.

Fábio Santos depois de uma sequência pesada de jogos sentiu
um problema muscular, na partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil
contra o Santos no Horto. Patric entrou em seu lugar e não saiu mais do time.
Jogou ainda contra Flamengo e Unión La Calera, pela Sul-americana, improvisado
na esquerda, mas nada a se preocupar. Contra os cariocas, inclusive, foi um dos
melhores em campo, anulando Everton Ribeiro e Arrascaeta, dois dos maiores
carrascos recentes do Galo e que na frente do Deus do futebol se acovardaram. Com
a ida de Guga para a seleção de base, Patric voltou as origens e assumiu a
lateral direita. Bastante seguro na defesa, com ótimos desarmes, tranquilidade
para sair jogando e bons avanços no ataque, aos poucos foi conquistando mais o
torcedor.
Fico brincando com minha amada, meus amigos, meu pai, que
Patric ainda fará um gol de título ou classificação importante para o Galo e
que a torcida terá que gritar o seu nome a plenos pulmões no Horto em
reconhecimento por tudo que esse gigante fez. Na minha última ida ao estádio,
quase aconteceu. Contra o La Calera, Patric se apresentou muito bem ao ataque e
foi um dos que mais finalizaram a gol, e com perigo. Foi um dos melhores em
campo novamente e muito importante na classificação heroica para as oitavas do
torneio internacional. Mas ainda não tinha o reconhecimento da torcida pelo bom
momento dele. Mas estava chegando o momento.

E ele apareceu. Na partida seguinte, no último domingo,
contra o CSA, Deustric foi um leão. O dono do lado direito, ganhou todas as
disputas na defesa. Quando foi ao ataque sempre levou bastante perigo. Não teve
seu gol. Mas teve um lance que marcou a partida. O jogo já caminhava para o
fim. O 3 a 0 no placar nos dava a vice-liderança tranquila e trazia a massa de
volta ao lado do time depois de um momento de descrença, principalmente após a
eliminação precoce da Libertadores. Patric tabela com Geuvanio pela direita. Recebe
de frente com o marcador. Ele como sempre não se escondeu, não teve medo de ir
para cima da marcação. Três pedaladas em frente a torcida que já estava extasiada
com a atuação do time. O cruzamento rasteiro para Alerrandro que se escorou
para Adilson fazer o quarto gol. Enquanto todos da linha comemoravam com o
alemão dentro do gol, Patric dava a sua volta olímpica comemorando o seu
momento. Correu o campo todo, foi direto a Victor, sempre amigo e que apoiou
desde o companheiro nas horas difíceis, dentro e fora de campo. E a torcida?
Eeehh…a torcida se rendeu ao charme desse camarada que nunca tira o sorriso
do rosto e mantém o foco de sempre fazer o seu melhor. Está aí o seu merecido
reconhecimento. PATRIC! PATRIC! PATRIC! Depois de tantas vaias, tantos protestos
pedindo sua cabeça, enfim a torcida abraçou este que para mim é um símbolo de
luta e determinação, dentro e fora das quatro linhas.

Foto: Bruno Cantini/Atlético.
A sua emoção, Patric, na saída do campo neste especial
domingo, 2 de Junho de 2019, tenho certeza que é compartilhada por quem sempre
te apoiou, sempre te defendeu nas rodas de amigos, nos grupos de WhatsApp, nas
redes sociais e no estádio. Nós sempre acreditamos em você. Eu sempre acreditei
que seria capaz. Sou teu fã. Você honra essa camisa como vi poucos horarem. Que
se dane os seus erros e falhas. Fico puto, claro. Mas você logo depois já me
faz esquecer com a sua correria louca para tentar consertar, tentar contribuir.
Você me representa Patric, e representa essa imensa torcida, que depois de
quase 10 anos quase que majoritariamente te criticou, agora se rende aos pés do
Deus do futebol. Deixo aqui o meu sincero muito obrigado por todo o respeito
que sempre demonstrou pelo Clube Atlético Mineiro. Você é gigante!

Rodrigo Ricoy Santiago
Twitter: @dih_ricoy
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