You´re simply the best, Max Verstappen.

Foi um domingo histórico. Não me refiro ao processo eleitoral, a vitória de uns e a derrota de outros ou mesmo o resultado final. No dia em que o Brasil foi às urnas, a história foi escrita. Na Fórmula 1.

Max Verstappen venceu o modorrento Grande Prêmio do México – sim, foi uma corrida chata. Com isso, cravou 14 vitórias em 2022 e superou Michael Schumacher e Sebastian Vettel como recordista absoluto de mais triunfos na mesma temporada. Um feito impressionante.

O simpático México abriga a F1 no autódromo Hermanos Rodriguez, uma pista travada, com poucos pontos de ultrapassagem e pouco afeito a qualquer mudança brusca de prognósticos. E o esperado era uma Red Bull forte, uma Ferrari patinando e uma Mercedes em franca evolução. Ao reduzir a potência do motor para evitar quebras, o time de Maranello pagou o preço por usar um turbo compressor menor que o dos adversários. Uma oportunidade perfeita para mudanças no pelotão de cima.

Exceto na dianteira. Verstappen cravou a pole sem dificuldade alguma, largou bem na corrida e manteve a liderança de forma absolutamente tranquila. Nada ameaçou o seu domínio, nem mesmo a estratégia ousada da Mercedes em largar de pneus médios. Lewis Hamilton e George Russell tentaram, mas esbarraram nas limitações do problemático W13. Além disso, a Pirelli viajou bonito ao escolher a gama intermediária para essa pista, uma vez que o composto médio de Verstappen durou incríveis 46 voltas. O time alemão calçou sua dupla com o composto duro. Chance zero de ameaçar o bicampeão.

Com uma maturidade absurda, Verstappen soube conservar seus pneus, não deu a menor chance para o azar e venceu de ponta a ponta. No México, ele venceu em 2018 e também no ano passado. Na primeira, uma disputa contra Ferrari e Mercedes superiores, e na última, uma Red Bull parelha com as flechas prateadas. Ele tem o melhor carro em mãos, mas venceu em Hermanos Rodriguez em circunstâncias diferentes.

Sua hegemonia na F1 é inquestionável e categórica. Aos rivais, resta tentar puxar o seu tapete. Aos haters, tentar demonizá-lo de qualquer jeito. Uma corrida de carros sempre mexe com as paixões, pois entre o banco e o volante existem seres humanos que despertam os sentimentos mais diversos possíveis. E o jeito vulcânico de Verstappen em uma categoria acostumada com o puro show business e a sinalização de virtude tosca de alguns pilotos não é tão cativante.

Todo mundo tem um jeito particular de entender o esporte. Alguns gostam de utilizá-lo para militar em prol de determinada causa ou salvar o mundo – seja lá o que isso significa. Não sou pago para falar bem de Verstappen, mas como ele, não dou a mínima para isso. Interessa-me o que vejo nas pistas, a guiada de cada um, o talento, os resultados. É isso que me interessa nas análises.

Pelo que já vi e ainda vejo, Verstappen é um dos maiores da história. Guiou e guia para empilhar taças, quebrar recordes e colocar seu nome como uma das lendas do esporte a motor. Impressionou na finada Toro Rosso e não demorou muito para ser alçado ao time principal. Na Red Bull, guiou carros de diferentes capacidades, mas venceu ao menos uma vez em todas as temporadas na equipe austríaca. Aquele jovem com cara de menino impressionou o mundo ao triunfar em Barcelona com apenas 18 anos.

Agora ele é um homem de 25 anos. Tem dois títulos mundiais no currículo. Saber até onde Verstappen pode ir é uma incógnita. Vai depender da sua motivação, das máquinas entregues pela Red Bull e dos novos pilotos que irão surgir no grid, enfim, de uma série de fatores. Ele já declarou não querer ficar uma eternidade na F1 e desejar correr em outras categorias. Se a F1 não lhe der mais a felicidade de pilotar, novos caminhos serão explorados.

Até esse dia chegar, ele certamente irá conquistar muita coisa na categoria mais popular do automobilismo mundial. E os seus haters mais passionais terão que aturar Verstappen por muito tempo – é isso ou parar de acompanhar a F1. Conquistar 14 vitórias em uma temporada que começou adversa não é para qualquer um. Ele não é qualquer um. É um bicampeão mundial que caminha para uma hegemonia duradoura. Por ora, é o melhor piloto do grid. You´re simply the best, Max Verstappen.