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Automobilismo

Um Perez cirúrgico vence em Singapura

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Sérgio Perez

Não tenho o dom de entrar nas mentes alheias, tampouco de ter certeza em diagnósticos meramente especulativos, mas me parece muito difícil que alguém tenha apostado na vitória de Sérgio Perez em Singapura antes do qualy no sábado. A patacoada da Red Bull ao colocar menos combustível no carro de Max Verstappen mudou os rumos não só do treino classificatório. Largar longe da primeira fila em um circuito de rua como Marina Bay alija as chances de brigar pela vitória.

Com Verstappen largando em oitavo, o favoritismo do líder do campeonato diluiu completamente. Charles Leclerc fez a pole e teria tudo para vencer. Pista travada, boa posição na largada e seu principal antagonista muito distante pareciam indicar que o monegasco finalmente voltaria a vencer. O que ele, a Ferrari e os fãs não contavam acabou acontecendo: chuva. Muita chuva. A partir daí seria outra história. Aquele roteiro de favoritismo da Ferrari com uma possível recuperação na corrida de Verstappen foi junto com a água que caiu no circuito.

Perez largou muito bem e tomou a ponta antes mesmo da primeira curva – ele fez a mesmíssima coisa no Azerbaijão com o próprio Leclerc. Com todo mundo de pneu intermediário e sem a possibilidade de ativar o DRS, a força do braço e a aerodinâmica falaram mais alto. Quem quisesse galgar posições teria que arriscar muito em circunstâncias nada favoráveis para isso.

Verstappen teve que fazer isso. Após uma péssima largada, perdeu posições e foi obrigado a abandonar qualquer prudência se quisesse algo mais na corrida. Encontrou resistência: Kevin Magnussen e Fernando Alonso dificultaram enormemente a vida do holandês – o primeiro o fechou mais do que deveria e o segundo fez a boa e velha pilotagem defensiva em alto nível. Como se não bastasse, ainda calculou mal uma ultrapassagem em Lando Norris, fritou pneu e quase estampou o carro no muro. Teve que parar para trocar os pneus e viu qualquer chance de pódio ir por água abaixo.

Enquanto isso, Perez manteve a ponta e suportou muito bem a pressão de Leclerc. O talento do mexicano foi colocado a prova em inúmeras ocasiões, pois o monegasco da Ferrari ensaiou uma pressão e chegou a ficar menos de um segundo atrás – isso com o DRS já habilitado pela direção de prova. Ele não deu sopa ao azar em momento algum, conservou calmamente a dianteira e remou tranquilo para a quarta vitória na carreira. Atuação impecável.

Aos que colocaram em xeque a capacidade e o talento de Perez, que falaram um caminhão de bobagens a respeito dele, que insinuaram uma suposta sabotagem da Red Bull contra ele, aí está a resposta. Se a Red Bull foi atrás dele em 2020 – quando Perez estava fora do grid após não ter o contrato renovado com a Racing Point – e renovou seu contrato este ano, bom, os donos da grana na equipe taurina sabem o que fazem. E como sabem.

A corrida teve destaques positivos para McLaren e Aston Martin. No caso da primeira, Lando Norris e Daniel Ricciardo conquistaram P4 e P5, respectivamente. Um ótimo resultado para uma equipe que vinha andando para trás. Já na segunda, Lance Stroll ficou com um ótimo P6, e Sebastian Vettel terminou em P8. Nada mal para quem começou a temporada atrás de todo mundo no grid.

No mais, a FIA se supera em sabotar o próprio espetáculo. Adiou desnecessariamente a largada, criando a situação bizarra de uma corrida com pista majoritariamente seca e molhada em poucos pontos – os pneus intermediários sofreram. Não contente com isso, anunciou uma investigação envolvendo Sérgio Perez com veredicto após a corrida. Se fosse punido pelos dois incidentes, ele teria levado uma punição de 10s no resultado final e a vitória cairia no colo de Charles Leclerc. Uma bizarrice sem fim.

A Fórmula 1 segue para o Japão, no tradicional Grande Prêmio disputado no circuito de Suzuka. Pela matemática e pela lógica, Max Verstappen será bicampeão mundial na terra do sol nascente. Não só: é a casa da Honda, fornecedora de motor para a Red Bull até a temporada passada e que ainda busca a retomada dessa parceria. Seria fantástica a confirmação do título de Verstappen em uma corrida no Japão.

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