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Fórmula 1

Segunda Bandeirada #20: Sessenta vezes Verstappen

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As expectativas de uma ótima prova em Montreal foram atendidas. Em determinado momento, não dava para cravar absolutamente nada e no mínimo três pilotos tinham chances reais de vencer o Grande Prêmio do Canadá. A chuva itinerante ajudou muito, condicionando as equipes a bolarem estratégias e trocas incomuns para uma condição permanente – e previsível – de pista seca.

Os predicados desta corrida excepcional valem o texto, mas não se pode começar a falar de qualquer coisa sem mencionar a marca de Max Verstappen. Com o triunfo no Canadá, ele conquistou a sua sexagésima vitória na Fórmula 1. Colocou-se com autoridade como o terceiro maior vencedor da história e, com muita lenha para queimar, tem totais condições de superar Lewis Hamilton e Michael Schumacher. Depende de um bom carro e vontade própria, pois talento e capacidade sobram em abundância.

Carro esse que não é mais dominante como outrora. O RB20 é uma máquina bem-nascida, mas além de odiar pistas onduladas e travadas, tem concorrentes mais desafiadores. Um circuito como Gilles Villenueve exige que se encare as zebras de peito aberto – caso contrário, nada de bons tempos por volta. Verstappen não teve vida fácil em todos os dias deste final de semana, reclamando das condições. Cravar o mesmo tempo da pole foi obra sua.

Aliás, foi a primeira vez que isso aconteceu após Jacques Villenueve, Michael Schumacher e Heinz-Harald Frentzen marcarem 1min21seg072 no treino classificatório para o GP da Europa 1997 – sim, aquele mesmo da famigerada batida entre os dois primeiros. Para quem diz que a F1 está chata, não tem disputa e é previsível, nada como a realidade dos fatos para derrubar uma percepção digna de troça.

O pole foi George Russell. Com sua enigmática Mercedes, largou na posição de honra e conseguiu manter a dianteira até o seu W15 permitir. Vi nas primeiras voltas que ele não tinha carro para vencer – Verstappen era muito mais rápido e não conseguiu a ultrapassagem pelas condições adversas da corrida. Além disso, Russell errou mais do que um piloto candidato a vitória poderia errar. Conquistou um pódio, bom resultado, mas poderia ter feito mais e ao menos brigar pela ponta, embora a sua máquina não tenha sido párea para tal.

O mais próximo de bater o tricampeão foi Lando Norris. Ele deu show ao ultrapassar Verstappen e Russell, abriu uma vantagem considerável e parecia rumar tranquilamente – na medida do possível, é claro – para a sua segunda vitória no ano e na carreira. Até que Logan Sargeant aprontou uma das suas e provocou a entrada do Safety Car, oportunidade perfeita para uma troca de pneus intermediários desgastados por novos. Todos os ponteiros fizeram isso na hora correta, mas a McLaren comeu mosca e parou Norris na volta seguinte. Resultado: liderança perdida. Uma chance real de vencer foi por água abaixo.

Alguns fãs tiraram a curiosa conclusão de que Hamilton foi podado pela equipe e tinha chances de vencer. Vamos por partes. A primeira afirmação é amparada pela não utilização de pneus macios na parte final da corrida após o SC provocado por Sainz – foi colocado um composto duro. Pois bem, a Mercedes não tinha um jogo novo de macios e as voltas restantes eram demasiadas para pneus usados. Quanto ao segundo ponto, vocês acham mesmo que um piloto que chega quase 5s atrás do vencedor teve alguma chance de vencer?

A corrida ficou entre Verstappen, Norris e Russell – a ordem do pódio. Ambos erraram em algum momento, mas quando foi para valer, o número um prevaleceu. Diante de adversidades nada desprezíveis, ele fez a diferença e pilotou como um legítimo tricampeão. Foi assim em Ímola e agora em Montreal.

Verstappen terá mais trabalho nesta temporada que nos dois anos anteriores. Corridas em circuitos que não são favoráveis ao seu RB20 podem render dores de cabeça maiores. Mas nada que ele não tenha capacidade para superar. Já se pode colocar o seu nome como um dos maiores de todos os tempos, e a vitória em Montreal foi mais uma marca impressionante. Quem diria que aquele piloto errático e impetuoso nos primórdios da sua trajetória na F1 viraria uma máquina quase perfeita de pilotar. E virou. Já vi aquele braço erguer sessenta vezes o troféu de primeiro colocado. Ainda verei outras tantas.

 

Foto: Reprodução/ CNN Brasil/X/Fórmula 1

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