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Automobilismo

Segunda Bandeirada #18: Novas marcas, novos feitos

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Já falei algumas vezes que o automobilismo é o esporte do imponderável. Em certos momentos, algo inesperado acontece e prognóstico guiado pela realidade dos fatos vira pó. Até a malquista Fórmula 1 – malquista e espinafrada por quem nunca a compreendeu de verdade – pode ser uma caixinha de surpresas. E foi o que vimos no final de semana do Grande Prêmio da Emília-Romagna.

Dos treinos livres até a corrida, ficou nítido para quem quis ver que a McLaren tinha o melhor carro para o tradicional circuito de Ímola. A Red Bull não encontrou o acerto ideal, sofreu com a aderência ruim dos pneus e parecia fadada a não conquistar a pole ou mesmo a vitória. Levou as duas para casa. A explicação? Max Verstappen. Ele é o diferencial. Ele faz a diferença.

A pole foi sensacional. Verstappen anotou o melhor tempo com uma mísera diferença de 0.074s para a marca de Oscar Piastri – o australiano foi punido e perdeu três posições, largando em quinto. Foi a 39º vez que o tricampeão largou na posição de honra, a oitava consecutiva, igualando um recorde outrora único de Ayrton Senna – justo num mês de maio, 30 anos após a sua morte. Eu nem o considero um gênio de qualy, fenômeno em volta lançada, mas tal condição está mudando. Igualar Senna em seu principal predicado não é para qualquer um.

Também não é qualquer piloto que vence uma corrida nas condições enfrentadas por Verstappen. Em um dado momento, já na reta final da prova, seus pneus foram para o espaço. Além disso, o carro estava demasiado dianteiro, característica que ele nunca gostou. Com isso, Lando Norris começou a tirar uma vantagem de seis segundos e ameaçou seriamente a vitória do holandês. Carro mais rápido, equilibrado e com pneus menos desgastados… A ultrapassagem decisiva parecia questão de tempo, mas os gênios do automobilismo sempre encontram algum jeito desconhecido dos pilotos que não pertencem a tal grupo seleto.

Para além da genialidade de Verstappen, deve-se considerar as características do circuito de Ímola. É a tal pista raiz: alta velocidade, zero margem para erros nas escapadas e pista estreita. Quem sabe defender posição consegue triunfar. Os ‘’pegas’’ clássicos de Michael Schumacher com Fernando Alonso são os melhores exemplos: em 2005, Alonso segurou um Schumacher mais rápido e determinado a vencer numa temporada complicada, e no ano seguinte o alemão deu o troco no espanhol com a mesma moeda. Estamos falando de dois titãs da F1, não é mesmo? Verstappen também é. Norris tem talento, mas ainda precisa de muita casca para chegar lá.

A próxima corrida será nas ruas estreitas e charmosas de Monte Carlo, o GP de Mônaco. Se vencer, Verstappen somará a marca de 60 vitórias na carreira. É impressionante. Vi cada um dos 59 triunfos. Presenciei performances fenomenais, corridas que foram verdadeiras aulas de pilotagem e a mesma gana para chegar em primeiro do início da carreira. Você que acompanha a F1 – seja lá a forma como chegou até aqui – nos dias atuais, sinta-se privilegiado. A história está sendo escrita diante dos nossos olhos. Como foi com os outros gênios.

 

Foto: Reprodução tribuna.expresso.pt/ Mark Thompson

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