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Automobilismo

O passeio de Verstappen em Monza

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A primeira vitória de Max Verstappen em Monza veio com absoluta autoridade. Não teria como ser diferente: ele tem um carro com ritmo de corrida imparável, é o melhor piloto da temporada e guiou em um circuito talhado para o seu RB18. O pulo do gato da Ferrari ao parar Charles Leclerc na primeira bandeira amarela da corrida mostrou-se absolutamente falho.

Porém, como toda e qualquer corrida deste ano, compararam o GP da Itália com alguma outra da temporada passada por um motivo qualquer. E a razão foi a quebra de Daniel Ricciardo nas voltas finais – logo ele que venceu a corrida de 2021 – com o encerramento da prova sob bandeira amarela com Safety Car na pista. Foi o cúmulo do anticlímax.

Pronto. Foi o suficiente para Lewis Hamilton, Toto Wolff, Mercedes e seus fãs relembrarem o GP de Abu Dhabi e seu final. Naquela ocasião, alguns retardatários fizeram o momento lucky dog e descontaram uma volta para o reinício da prova. O então diretor de prova, Michael Masi, foi o autor da famigerada decisão. Vocês já sabem o que veio depois: Verstappen estava de pneu macio novo e ultrapassou Hamilton com pneu duro bastante desgastado, venceu a corrida e foi campeão.

Masi errou. O regulamento não foi cumprido com esse remendo de relargada. Concluir então que Hamilton foi roubado e a FIA produziu um campeão fake – como alguns lunáticos dizem por aí nas redes sociais – é desconhecer a Fórmula 1, a temporada de 2021 e o próprio GP de Abu Dhabi. Não vou me alongar no assunto, mas a direção de prova prejudicou Verstappen em inúmeras ocasiões naquele campeonato. Bahrein, Reino Unido, Catar, Arábia Saudita e Abu Dhabi são exemplos cristalinos disso. Os robozinhos adestrados continuarão repetindo essa mentira tosca, mas é meu dever de jornalista lembrar os fatos.

Claro que havia condições para a remoção mais rápida da McLaren de Ricciardo e o término da prova em bandeira verde. Foi uma demora ridícula e injustificável. Mas não era isso que os paladinos da moral queriam? O regulamento foi cumprido ipsis litteris dada as condições apresentadas. Final de corrida absolutamente sem graça como seria o destino do campeonato passado. Quem reclamou lá não tem moral para fazer o mesmo aqui.

Voltando à corrida, Verstappen sentou a bota e ultrapassou facilmente os cinco carros entre ele e o líder Leclerc. Até que Sebastian Vettel abandonou a prova na volta 12 por problemas no motor da sua Aston Martin. Aí a Ferrari tentou dar o pulo do gato ao parar Leclerc e colocar o composto médio ao imaginar duas paradas para o monegasco com o rival parando apenas uma vez. Tal estratégia daria certo se ele colocasse pneus macios no final da prova e a provável vantagem de Verstappen não fosse tão grande – não a ponto de tornar impossível a aproximação entre ambos.

Pois bem, a Ferrari tentou fazer diferente. Não deu certo, mas não foi um erro crasso como os outrora cometidos na atual temporada. A estratégia esbarrou em uma das grandes qualidades de Verstappen: o gerenciamento de pneus. Foram 26 voltas com o composto macio em uma pista de alta velocidade como Monza. É de tirar o chapéu. Enquanto isso, Leclerc tinha um composto médio 14 voltas mais velho e teria que realizar outra parada. A vitória ficou impossível em tais circunstâncias.

Com ou sem SC no final, Verstappen venceria com muita tranquilidade. É nítida a superioridade dele em relação ao restante do grid com um carro decente em mãos, e a Red Bull é uma equipe que esbanja competência e assertividade. Foi a 11º vitória na temporada. Não tenho dúvidas que ele buscará o recorde de mais vitórias na mesma temporada – a marca a ser superada é de 13 vitórias pertencentes a Michael Schumacher e Sebastian Vettel.

Os rivais que lutem – e os haters também. Aliás, aconteceram algumas coisas lamentáveis neste fim de semana: alguns torcedores da Ferrari xingaram a mãe de Max Verstappen e atiraram objetos em direção ao seu carro ainda na corrida. São comportamentos abomináveis e merecedores de repúdio. Mas como o alvo foi Verstappen, o mainstream brasileiro da F1 nem tocará no assunto. A antipatia mal confessada impede isso.

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