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Agora vai?

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A estreia do novo carro da Mercedes foi para inglês ver. O W14B andou pela primeira vez no Grande Prêmio de Mônaco, pista totalmente atípica por suas características de circuito travado e pouca margem para coleta de dados. Fica praticamente impossível fazer qualquer previsão acerca dos resultados obtidos por Lewis Hamilton e George Russell.

O próximo compromisso é na Espanha, no circuito de Barcelona. É a hora da verdade para as flechas prateadas. É uma pista na qual a aerodinâmica faz total diferença, fato que explica o porquê do piloto com melhor carro cravar a pole e ganhar a corrida sem tantas dificuldades. Aí sim saberemos do que o W14B é capaz.

Tenho certeza que vocês querem saber a minha opinião sobre o assunto, se a Mercedes voltará ao topo e terá carro para brigar pelas vitórias ainda este ano. Bom, o histórico do time alemão inspira cautela, mas é quase certo que a resposta para os dois questionamentos é não. E eu explico o porquê.

Primeiro: é praticamente impossível alguém duelar com a Red Bull em 2023. O RB19 é um daqueles carros que são sinônimos de hegemonia, e quando estão entregues a um gênio das pistas como Max Verstappen, esqueça. Não tem a menor brecha. A Aston Martin fez um ótimo trabalho e ganhou um tempo absurdo se comparado ao rendimento do ano passado, de longe a equipe que mais evoluiu, mas ainda muito distante de ameaçar o time taurino. Se um carro bem nascido como o AM23 não tem chance com a RBR, imagine um carro surgido do nada como o W14B.

Segundo: todo regulamento privilegia algum aspecto dos carros. O de 2014 era talhado para quem tinha o melhor motor, e como a Mercedes dominava a tecnologia híbrida bem melhor que as demais, nadou de braçada por anos. Carros com aerodinâmica ruim como a Williams conseguiram pódios por usar motor Mercedes, de longe o melhor de então. Pois bem, o regulamento de 2022 promoveu uma revolução no conceito dos carros e propiciou o retorno do efeito solo, logo, a aerodinâmica definiria quem largaria com vantagem para os anos seguintes. Como se sabe, a Red Bull tem uma hegemonia impressionante desde então, pois tem um carro muito equilibrado aerodinamicamente – tudo sob as bençãos de Adrian Newey, o gênio da prancheta.

O mundo inteiro viu como a Mercedes errou a mão no W13. Partiu para um tiro no escuro chamado zeropod e sofreu com o porpoising. Com um carro problemático no primeiro ano do regulamento, o time alemão teve que refazer tudo do zero, mas apenas com a temporada de 2023 em andamento, pois a dobradinha no Brasil iludiu a equipe e as flechas prateadas continuaram com o conceito errático. Quanto tempo a Mercedes não perdeu nessa brincadeira toda em comparação com as demais? A situação é tão complicada que a Aston Martin, uma das suas equipes clientes, anda na frente.

Terceiro – e não menos importante: as mudanças trazidas pelo W14B indicam claramente que a Mercedes jogou 2023 para as cucuias e já está com a cabeça em 2024. Até o novo regulamento de 2026, o horizonte é de predomínio da Red Bull – a não ser que venha a surgir uma reviravolta como a mudança nos assoalhos dos carros em 2021. Se a equipe ainda almeja algo nos próximos anos, é bom correr atrás do prejuízo e trabalhar duro para compensar o tempo perdido. E, é claro, uma conjuntura nada favorável.

Seja como for, não espero que o W14B seja um foguete imparável a buscar vitórias e títulos. A própria Mercedes sabe disso, seus pilotos sabem disso, enfim, o mundo inteiro sabe. Hamilton ficou um tanto entusiasmado com o carro, mas algo contido. Piloto sabe de cara quando o carro é bom, ainda mais um semideus do volante como ele. É uma máquina decente, mas longe de alcançar o imparável RB19.

Teremos a prova dos nove em Barcelona. Aí sim saberemos do que esse carro novo é capaz, ao menos a curto prazo. Mas não se iludam: o W14B não foi desenvolvido com a ideia de brigar por vitórias agora. É coisa de longo prazo e a Mercedes sabe disso. Que os fãs também tenham tal consciência.

 

 

 

 

 

 

 

Foto: www.mercedesamgf1.com

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