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Automobilismo

A vitória, a marca e o paiol de bobagens

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Como é de praxe na temporada de 2023, ninguém espera que uma corrida acabe com resultado diferente que uma vitória da Red Bull. O carro é muito bom, a equipe fez um ótimo trabalho neste RB19, mas a peça entre o banco e volante faz a diferença. Max Verstappen venceu o Grande Prêmio do Canadá e caminha tranquilamente para o tricampeonato.

Foi uma corrida movimentada, cheia de possibilidades interessantes e brigas por posição. Hamilton largou melhor e passou Alonso, evidenciando a melhora significativa da Mercedes na temporada. Russell quase fez o mesmo, mas Dom Fernando fechou a porta e evitou uma nova ultrapassagem. A Aston Martin trouxe atualizações a rodo, tem um bom carro, mas parece incapaz de ameaçar a Red Bull na briga pelas vitórias.

Após o Safety Car provocado pela batida de Russell, a maioria dos pilotos aproveitou a ocasião para calçar novos pneus. Em condição igual, Alonso imprimiu um ritmo forte e passou Hamilton na reta mais longa do circuito. Nem mesmo no final, quando Lewis estava com pneus médios e Fernando calçados de duros, a situação se inverteu. Além disso, destaque para a ótima estratégia da Ferrari, que não parou seus pilotos no SC e esticou o primeiro stint com o composto médio. Deu certo. Leclerc chegou em P4 e Sainz em P5. É o máximo que o SF-23 permite neste momento aos ferraristas.

A Red Bull conseguiu a sua centésima vitória na Fórmula 1. Nada mal para um time que estreou em 2005 e era tratado como piada pelos demais. Ainda hoje, equipes mais tradicionais olham para os taurinos com certo desdém, algo do tipo ‘’o que esses fabricantes de energético estão fazendo no nosso quintal?’’. O petit comité dos times que também são montadoras nunca esconderam essa antipatia pela Red Bull. Pois bem, os vendedores de latinhas já ganharam seis campeonatos de pilotos e cinco de construtores. É uma escuderia que impõe respeito.

Como já disse anteriormente, todos os 19 pilotos são meros coadjuvantes em relação ao dono do espetáculo. Verstappen está em uma fase incrível, não comete erros, guia como puro gênio e não tem adversários com material decente nas mãos para ameaçá-lo. Fez a pole enfiando 1.2s no segundo colocado, Nico Hülkenberg. Largou bem, não deu a menor chance para os rivais e colocou mais uma vitória no bolso. Disparou ainda mais na liderança de um campeonato que dificilmente escapará das mãos – é questão de tempo comemorar o tri.

Vocês já esperavam pela vitória e tudo o que ela significa. Foi a 41ª da carreira do holandês, marca rigorosamente igual a de Ayrton Senna. Como a Santa Igreja da Sexta Marcha não aceita que qualquer outro piloto supere os números do Deus Senna, comentários do tipo ‘’não compare esse chorão com o maior’’ e ‘’nunca será’’ também eram esperados.

Em tempo: todo piloto de corrida é meio chorão – Senna era e ninguém via problema. Além disso, Verstappen nunca será Senna, o contrário é verdadeiro e não vejo problema algum nisso. Verstappen é Verstappen, um fenômeno da Fórmula 1 que vai escrevendo sua história e colocando seu nome no grupo dos maiores de todos os tempos. Se ele não se preocupa em ser Senna, por que diabos as focas adestradas repetem o mesmo comando?

Na cabeça dos sennistas –  não confundir com quem é fã do Senna, como eu –, o ídolo deles foi o único piloto bom, que ganhava no braço (?!) e lutava contra a malévola FIA. Opor ele a Verstappen seria demonstrar o mau-caratismo do holandês, um chorão antipático sem humildade. Eles realmente acreditam nisso. Só consigo rir. Parecem um bando de crianças que, inconformadas com a derrota do ídolo, passam a odiar insanamente o seu algoz – que nem algoz de fato é. Patético. É um paiol de bobagens, tal como na música Rádio Pirata da banda RPM – excelente canção, diga-se de passagem.

Verstappen está fazendo história e eu me considero privilegiado em acompanhar a saga desse semideus do volante. O resto é fofoca adolescente que não me interessa. Fico com o que é feito nas pistas, afinal, não tem convívio algum com os pilotos e não tenho autoridade para pontificar sobre as suas qualidades ou defeitos. Nelas, Verstappen é o melhor. Ponto.

A próxima corrida é na Áustria, casa da Red Bull e lugar no qual Verstappen já venceu três vezes – se contarmos o GP da Estíria disputado na mesma pista, são quatro triunfos. Os acólitos da Santa Igreja da Sexta Marcha vão espernear mais, já que a possibilidade da 42 ª vitória é enorme. Mas a vida é assim, o automobilismo é assim. Ninguém é insuperável.

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