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Automobilismo

A beleza no bicampeonato de Max Verstappen

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Após três anos fora do calendário da Fórmula 1, o Grande Prêmio do Japão voltou. E coube a ele definir mais um campeão mundial. A terra do sol nascente já consagrou James Hunt, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Alain Prost, Michael Schumacher, Damon Hill e Sebastian Vettel. Foi a vez de Max Verstappen sentir o gosto do título no país que imortalizou verdadeiros gênios desse esporte.

O segundo título de Verstappen veio após uma corrida tumultuada. Caiu um mundo d´água em Suzuka, a pista encharcou e o spray levantado pelos carros tornou a visibilidade dos pilotos quase inexistente. Sebastian Vettel rodou, Carlos Sainz bateu, Alexander Albon abandonou e Pierre Gasly ficou com uma placa na frente da sua AlphaTauri. Tudo isso só na primeira volta.

Bandeira vermelha, corrida parada, relargada adiada. E a lista de papelões da FIA só aumenta. É inacreditável como a entidade consegue sabotar o próprio espetáculo. Gasly reclamou – com muita razão – no rádio ao notar um trator na pista, situação tragicamente vivida no mesmo circuito em 2014 que resultou na morte de Jules Bianchi. Oito anos depois e a mesma patacoada foi repetida, com a sorte de não vivenciarmos outro desastre.

Pois bem, a corrida voltou. Verstappen mostrou o porquê de ser o melhor piloto na atualidade. Em um circuito de alta velocidade e com chuva, ele simplesmente desapareceu do radar de Charles Leclerc, então segundo colocado. No final, vitória com uma vantagem na pista de 26s sobre o monegasco da Ferrari, que ainda foi punido em 5s ao cortar a chicane na disputa com Sergio Perez. O mexicano da Red Bull herdou a segunda posição, resultado suficiente para coroar Max Verstappen como bicampeão mundial.

Aos haters, lamento informar, mas foi mais um título merecido. Não adianta levantar narrativas estúpidas, desmerecer o talento alheio ou desvalorizar o campeonato porque o piloto favorito não levou. Corrida de carro é isto: vence quem tira o máximo da máquina que tem e é mais competente que os outros. E Max Verstappen foi o melhor piloto da F1 nas últimas duas temporadas. Por isso mesmo levou os últimos dois canecos.

Se a Red Bull entregou o melhor carro para seus dois pilotos, um deles foi mais competente em aproveitá-lo ao máximo. Se Max Verstappen fosse mesmo tão dependente do carro, Sergio Perez o colocaria no chinelo. Se, se, se… O danado do ‘’se’’ é o refúgio dos amargurados que o odeiam por nada.

Verstappen sempre foi um piloto de primeira prateleira da F1. Faltava um carro decente para o seu talento absurdo ser traduzido em títulos. Na primeira oportunidade, ganhou o campeonato mais disputado, emocionante e dramático de todos os tempos após uma temporada desgastante. Não é fácil digladiar com um heptacampeão como Lewis Hamilton – mais difícil ainda vencê-lo.

Na atual temporada, Verstappen passou por maus bocados no começo. Abandonou no Bahrein e na Austrália, com a confiabilidade da Red Bull sendo colocada em xeque. A equipe taurina teria condições de resolver o problema e ao mesmo evoluir a ponto de fazer frente ao foguete de carro da Ferrari? Era a pergunta feita por todos os cantos do paddock da F1. O RB18 mostrava sinais de ser uma boa máquina – a vitória na Arábia Saudita tinha provado isso. Mas a dúvida era até que ponto seria para disputar com um F1-75 tido como o melhor carro do grid.

Os problemas estavam no carro, pois o piloto sempre se mostrou competente. Foi o mesmo que conseguia vitórias em temporadas anteriores quando a Red Bull era a terceira força do grid. Foi o mesmo que destronou um heptacampeão em uma disputa com carros muito parelhos. Verstappen não é qualquer piloto. Desde sempre foi apontado como futuro campeão, daqueles a empilhar taças e dominar a categoria – bastava uma máquina competitiva.

E não demorou muito para isso se confirmar na atual temporada. A Red Bull resolveu o problema da confiabilidade e permitiu a ele extrair o máximo desta joia rara chamada RB18. Verstappen emplacou uma bela sequência, mostrou o seu talento absurdo e remou tranquilamente para um bicampeonato merecido. Se a Ferrari cansou de errar nas estratégias e Leclerc mostrou ser um piloto ainda em maturação, isso não é culpa sua. Como não foi de Hamilton quando a mesma Ferrari abusou dos erros em 2017 e Vettel em 2018.

Enfim, Max Verstappen é bicampeão mundial, venceu 32 vezes e cravou a pole em 18 oportunidades. Tudo isso com apenas 25 anos. Ele pilota como gente grande, busca a vitória a todo momento e faz de tudo para estar no topo. É guerreiro e absurdamente talentoso. O bicampeonato mundial já o coloca como um dos grandes da história e traduz todos os seus predicados. É espetacular assistir a sua guiada singular, sua fome de conquistas e a capacidade em lidar com situações adversas. Eis a beleza dessa conquista.

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