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Automobilismo

30 anos sem Ayrton Senna parte #2: O piloto que encantou os amantes do automobilismo

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Eu não tive o prazer de acompanhar a carreira de Ayrton Senna. Como um bom amante do esporte a motor, lamento não apenas pela dele, mas de tantos outros gênios da velocidade que viraram lendas e continuam nas memórias dos fãs até hoje. Quem não gostaria de assistir um Juan Manuel Fangio, um Jim Clark, um Graham Hill, um Alain Prost, um Nelson Piquet ou um Michael Schumacher em seus respectivos auges? Nada melhor que ver a história sendo escrita.

No entanto, uma das trajetórias que eu teria mais vontade de acompanhar seria a de Ayrton Senna. Sem a menor dúvida. Senna era talento puro, o piloto com maior velocidade natural da história e dono de recordes impressionantes – mesmo com apenas dez anos na Fórmula 1. Se no futebol é apreciado o estilo ofensivo que busca o gol o tempo inteiro, o seu equivalente no automobilismo seria o piloto que não perde a menor oportunidade para arriscar uma ultrapassagem e parte para cima em toda a corrida.

São várias as ultrapassagens marcantes de Senna. No seu ano de estreia, foi para cima de Niki Lauda no Grande Prêmio de Mônaco e passou o também tricampeão numa manobra espetacular – além da dificuldade natural das estreitas ruas de Mônaco, chovia um bocado. Em 1988, já na McLaren, deu um X sensacional no companheiro Alain Prost no GP da Hungria, circuito travado e com pouca margem para ultrapassagens. Em 1993, a primeira volta perfeita em Donington Park foi Senna em estado puro: largou em quarto, perdeu posição para a Sauber de Karl Wendlinger, mas foi resiliente para ultrapassar o austríaco, a Benetton de Michael Schumacher e as Williams de outro planeta guiadas por Damon Hill e Alain Prost. Mais uma vez, na chuva. De quinto para a primeira posição em uma única volta.

Tamanho talento rendeu números impressionantes já citados na primeira parte. Os três títulos mundiais foram conquistados com dificuldade, ao contrário do que certos revisionistas querem dizer. Em 1988, era a sua primeira temporada na McLaren contra o já bicampeão e seu grande antagonista, Alain Prost. Senna teve de suar sangue para ser campeão. A etapa decisiva em Suzuka foi uma verdadeira epopeia: largou na pole, o carro morreu, foi para o fundo do pelotão e ultrapassou o mundo para vencer o GP do Japão e conquistar a sua primeira estrela. Em 1990, Prost foi novamente o seu rival numa Ferrari que melhorou bastante no decorrer daquele ano – embora nunca tenha alcançado a McLaren. O final foi melancólico com um acidente provocado pelo brasileiro, mas qual dos grandes campeões não fez o mesmo? O tri em 1991 contra Mansell colocou Senna na prateleira dos gigantes desse esporte de forma incontestável.

Em cada uma dessas conquistas, a genialidade de Senna está presente. Seja para conquistar o que parecia inalcançável ou para reafirmar o seu talento absurdo, o tricampeão mostrou ser um dos semideuses do volante – aqueles pilotos que jamais serão esquecidos.

Porém, tenho uma opinião particular acerca do auge de Ayrton Senna: ele chegou em 1993. Naquela temporada, a Williams continuava com a melhor máquina e chamou Alain Prost para guiar o carro de outro planeta após um ano sabático. A Benetton ensaiava o pulo do gato que aconteceria no ano seguinte e contava com um Michael Schumacher dando indícios de ser o gênio que viria a se tornar. Pois bem, a McLaren não teria mais o motor Honda, vendo-se obrigada a usar uma versão menos potente do motor Ford. Mesmo com uma parte tecnológica bem apurada, isso seria difícil de contornar. Com todas essas adversidades, Senna venceu cinco corridas e performou como um verdadeiro semideus do volante. As vitórias em Interlagos, Donington Park, Mônaco, Suzuka e Adelaide foram antológicas.

São muitas atuações de altíssimo nível. O espaço desta humilde coluna é insuficiente para descrever cada uma delas em detalhes, não dá para contar os pormenores sem se estender além do desejado, mas os destaques são esses – ao menos para um amante do esporte a motor como sou. Senna é talento puro, a tradição, um nome jamais esquecido e que resistirá ao tempo. Nos corações brasileiros, sempre será o número um.

 

Foto: Ge.globo/ Agência Estado

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