Entre em contato conosco

Fórmula 1

Segunda Bandeirada #21: Norris é isso mesmo?

Publicado:

em

Não é de agora, tampouco algo exclusivo dos fãs, mas a verdade do Evangelho acerca da falta de ambição de Lando Norris parece ser mainstream para muita gente. Fã é fã e eu compreendo o raciocínio ser guiado pela passionalidade. Que jornalistas especializados façam o mesmo, bom, aí a coisa muda de figura.

Certos cacoetes mentais compartilhados por quem diz acompanhar a Fórmula 1 despertam a minha jocosidade – nada além disso. Dizer que tal piloto não quer ganhar ou alivia o pé nas freadas por ser amigo de outro – como já falaram de Norris – só pode ser piada de péssimo gosto. A criatividade do fã apaixonado desconhece limites.

Porém, como eu disse, isso ultrapassou as fronteiras dos reclamões do X e demais redes. Alguns jornalistas – sim, jornalistas – tiraram Lando Norris como exemplo da falta de ambição. O exemplo mais recente? A largada do Grande Prêmio da Espanha. O que aconteceu? Norris largou melhor que Verstappen, espremeu o tricampeão até o limite – Max colocou duas rodas na grama – e tomou a dianteira por alguns instantes, mas Russell surgiu quase do nada para ultrapassar ambos e terminar a curva em primeiro. Sim, meus caros, esse lance foi utilizado como prova cabal da sua letargia.

Aí você me pergunta: cadê a falta de gana? Simples: Norris percebeu que seria ensanduichado por Verstappen e Russel, fazendo o que qualquer piloto com mais de dois neurônios faria: tirar o pé. Uma corrida com 66 voltas pode ser conquistada muito depois da largada. Perdê-la logo no início por pura imperícia não é arrojo ou destemor, é burrice pura e simples. Nigel Mansell aprontava essas mesmas peripécias e ganhou a alcunha nada elogiosa de ‘’idiota veloz’’, embora o leão fosse um piloto de altíssimo quilate – de idiota ele não tinha nada.

Outro caso citado para reafirmar tal narrativa é o GP do Brasil 2023. Pois bem, Verstappen largou na dianteira, manteve a liderança de maneira confortável e guiou sem sustos para uma vitória fácil – como a esmagadora maioria das obtidas na temporada passada. Norris chegou em segundo e, vendo que não teria carro nem ritmo para perseguir o tricampeão, guiou em modo de segurança para manter a segunda posição. Pronto. As boas e velhas sandices pipocaram nas redes. Algumas são realmente boas, como a que explica o secreto pacto de não agressão entre Norris e Verstappen pela amizade entre ambos. Tem quem realmente acredite nisso. Façam-me rir.

Além disso, reclamaram das vezes que Norris não ofereceu dificuldades a Verstappen pela disparidade nas estratégias de ambos. Nesses tempos nem tão distantes, a McLaren não tinha carro para bater de frente com a Red Bull – nem de longe. O que Norris ganharia ao perder tempo e torrar borracha ao segurar um carro muito mais rápido que o seu? Além da simpatia duvidosa de quem conhece pouco da F1, nada. ‘’Ah, mas isso é a morte do automobilismo’’. Quando Eddie Irvine fez o mesmo com Ayrton Senna em Suzuka 1993 ninguém gostou, não é mesmo? ‘’Ah, mas ele era retardatário’’. Sempre um ‘’mas’’…

Não sou pago para defender Norris, Zak Brown ou qualquer uma das dez equipes do grid. Porém, sinto-me na obrigação de esclarecer as coisas e colocar os fatos acima de qualquer conjectura. Quando um piloto não atrapalha o líder por focar na própria corrida, ele faz isso visando chegar na melhor posição e conquistar o máximo de pontos. E na F1, pontos significam dinheiro, pois é o mundial de construtores que importa para as equipes pela grana envolvida. Quanto melhor a posição, maior a premiação. Dito isso, vocês acham mesmo que a azia dos insatisfeitos é procedente ou mesmo razoável?

Aliás, a reclamação sempre envolve Norris e Verstappen. Estranho, não é mesmo?

Em tempo: Norris é um grande piloto. Pode não ser da prateleira de um Verstappen, de um Hamilton ou de um Alonso, mas está no caminho para tal. Ganhou em Miami, poderia ter repetido o feito no Canadá e também em Barcelona, mas as estratégias da McLaren e os azares típicos de uma corrida de carro não permitiram. Paciência. Ele está em ótima forma, tem uma boa máquina em mãos e certamente vencerá mais vezes. E não, ele não é esse piloto sem ambição ou letárgico como a turma do limão acha que é.

 

Foto: Divulgação/ McLaren

Compartilhe esta publicação
Clique para Comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.